As heranças deixadas pelo ano de 2016 foram muitas no que toca aos eventos que marcaram os mercados financeiros. No entanto, em 2017, lidar com essas mesmas heranças é o grande desafio. “2017: Perspetiva, Desafios & Oportunidades”, foi o tema dos eventos promovidos pela Golden que ocorreram no Funchal, Faro, Porto & Lisboa. A Funds People esteve presente no evento de Lisboa no passado dia 16 de fevereiro.
Sérgio Silva, Administrador e Diretor de investimentos da Golden Assets, começou por realçar como temas principais a divergência na atuação dos Bancos Centrais, a incógnita do dólar, o movimento das yields, e as incertezas políticas que se avizinham.
“Existem as expectativas de que o crescimento global seja moderado, mas a acelerar face a 2016, com os indicadores a confirmarem esta expectativa”, inferiu. Apesar das diferenças nos vários blocos mundiais no que toca ao crescimento, o especialista reforça que os EUA estão a chegar a “um topo”, a China apresenta-se com uma “ligeira desaceleração”, e a Europa e o Japão com “um atraso de três a quatro anos relativamente aos EUA”. Os emergentes, por sua vez, “já passaram pelo pior”.
Como se preparam para investir em 2017
Olhando sempre numa perspetiva de médio/longo prazo, da entidade realçam “que não se deixam sucumbir pelo ruído que ocorre nos mercados”. A diversificação por 5 classes de ativos (e 8 subsegmentos) consubstancia o posicionamento estratégico da Gestora.
Encarando o segmento monetário como uma classe de ativos, o profissional sublinhou que ao deixarem dinheiro aplicado em liquidez, essa “é uma decisão de gestão”.
Nas obrigações, por sua vez, traçaram um cenário desafiante para a classe de ativos em 2017, já que o cenário central de subida de taxas de juro nos EUA poderá provocar “pressões adicionais nos preços” e “reduzindo o potencial de ganhos da dívida soberana (US Treasuries e bunds), e na dívida corporate de melhor qualidade (investment grade). Contudo, identifica oportunidades nos subsegmentos de maior risco (high yield e emergentes).
No que toca às ações, mostraram-se mais positivos relativamente às empresas europeias, que poderão estar a percorrer o roadmap americano. Falaram da “aceleração no crescimento dos resultados, múltiplos baratos e spread atrativo face às yields da dívida soberana”.
Na lógica de descorrelação de uma carteira, e da sua subjacente diversificação, falaram ainda dos alternativos, que “podem fazer face a eventuais aumentos de volatilidade”. Concretizou falando do papel dos fundos de investimento que “assumem posições longas e curtas”, como elementos de diversificação e descorrelação com o mercado.
Na classe Mercadorias, mencionam uma exposição aos metais preciosos e um comportamento oportunístico no restante universo.
As ideias chave defendidas pela Golden para 2017 são: o importante papel assumido pelos políticos nos mercados financeiros, um novo paradigma nas Obrigações (as abordagens tradicionais deixaram de funcionar) e um bull market maduro das ações, com o valor relativo a estar na Europa e Japão.