Gestores preocupados: fuga para a liquidez e ativos defensivos

estátua, urso
flickr

Os gestores europeus aumentam a sua posição em liquidez para níveis máximos de 18 meses enquanto recolhem lucros nas tecnologias.

Os dados macroeconómicos moderados que estão a sair nestas semanas estão a afetar seriamente a confiança do investidor. Segundo a última sondagem do BofAML, os gestores a nível mundial aumentaram a sua posição em liquidez para níveis máximos de 18 meses. O motivo: o facto de as expectativas de crescimento terem caído para os níveis de 2012.

Sandra Costeira_GNBGA

O crescimento económico é decisivo para o futuro dos mercados, pois para os gestores será o fator mais determinante para a melhoria da Zona Euro nos próximos 12 meses. Atrás estará o aumento do capex, um salto do consumo, o crescimento do crédito, etc.

Desde que atingiu o pico em meados de 2017, a percentagem líquida de investidores que afirmam estar a sobreponderar as ações europeias foi caindo a pique. E o pessimismo começa a transferir-se para o longo prazo. As expectativas de inflação na Europa também retrocedem entre os investidores tradicionais. Se em agosto cerca de 85% previa que a inflação iria subir nos 12 meses seguintes, apenas um mês depois, esse valor cai para 55%.

E isto influencia aquilo que esperavam do Banco Central Europeu. No mês passado cerca de 64% dos gestores pensava que a política monetária europeia era demasiado estimulante; em setembro já apenas 52% o defende.

Sandra Costeira_GNBGA

A nível financeiro, as expectativas de melhoria de lucros pioraram ao longo do mês passado. Cerca de 0% dos inquiridos (em termos líquidos) espera um crescimento maior de lucros por ação (EPS) nos próximos 12 meses e cerca de 45% prevê que o EPS europeu cresça menos de 10%.

Quais os catalisadores que farão falta para um aumento no apetite investidor? Quase 40% opina sobre um crescimento de 10% ou mais nos lucros por ação. E mais de 25% que o BCE elimine as taxas do depósito negativas.

O dinheiro está a mover-se principalmente para o setor da saúde, seguido do petróleo e gás e em seguida os automóveis. Por outro lado, estão mais subponderados em retail, construção e nos meios de comunicação.

Sandra Costeira_GNBGA

A principal diferença em relação ao mês passado, é a grande mudança de sentimento em relação às tecnologias. Enquanto em agosto os gestores estavam muito sobreponderados, este mês já estão ligeiramente subponderados. Apenas 6% em termos líquidos diz ter uma perspetiva negativa em relação ao setor, mas é o nível mais alto desde dezembro de 2009. É, de facto, o setor que mais vêem sobrevalorizado. Numa dimensão menor, também as seguradoras têm proporcionado mais-valias.

A sondagem do BofAML foi realizada entre 7 e 13 de setembro. Participaram 244 gestores, que reúnem cerca de 742.000 milhões de dólares sob gestão.