Gestores aplaudem decisão da cimeira de criar autoridade de supervisão bancária na Zona Euro

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Jrgcastro, Flickr Creative Commons

“As conclusões acabaram por surpreender pela positiva, até por comparação com as cimeiras anteriores, onde as expectativas eram muito altas”, refere Paulo Gonçalves, coordenador da área de activos mobiliários da Popular Gestão de Activos, à Funds People Portugal.

O ActivoBank faz também uma apreciação “muito positiva” sobre as decisões tomadas na cimeira, “uma vez que se centram no crescimento económico e no reforçar da união em torno da banca europeia”. Aliás, a criação de uma autoridade bancária, que só terá desenvolvimentos no final do ano, foi, para Paulo Gonçalves, “a grande novidade” deste encontro (realizado nos dias 28 e 29 de Junho), dado as restantes medidas apresentadas “já serem mais ou menos dadas como prováveis”.

A criação deste mecanismo de supervisão, que permitirá que a recapitalização dos bancos se realize directamente através do Mecanismo de Estabilidade Europeia (MEE), é não só “mais um passo para uma união bancária dentro da Zona Euro”, salienta o ActivoBank, como retira dos Estados-membros “parte do peso de financiamento associado à recapitalização, o que é necessariamente uma boa decisão”.

Das medidas destaca ainda a disponibilização 120 mil milhões de euros para financiamento das economias europeias, “para sustentar o crescimento económico e do emprego”.

Subida sustentada das bolsas

A estas medidas, as bolsas reagiram com ganhos significativos, contudo, um movimento sustentado “só poderá advir, primeiro, aquando da sua efectiva implementação, que carece de implementação urgente (e a este nível a Europa tem sido pouco efectiva)”, considera o ActivoBank; e, segundo, “quando os efeitos reais se fizerem sentir na economia, o que levará certamente ainda algum tempo”.

Para Paulo Gonçalves, da Popular Gestão de Activos, a reacção positiva ficou sobretudo a dever-se ao facto de as medidas terem ajudado “a retirar o risco do sistema bancário que, actualmente, estava incorporado nas ‘yields’”; algo que é particularmente positivo para países como a Irlanda e a Espanha, acrescenta, “aqueles em que a recapitalização do sector bancário poderia ter maior impacto em termos de aumento da dívida pública”.

Numa apreciação geral, os mercados “parecem achar que não se resolveu ainda o problema da dívida pública europeia, mas pelos menos desta vez ganhou-se tempo e o movimento positivo poderá ser por isso mais sustentado”, acrescenta o gestor.