Gestão alternativa: os fundos nos quais os responsáveis das gestoras internacionais mais confiam para investir em 2019

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Staralee, Flickr, Creative Commons

O ano de 2018 irá ficar na história como um ano mau para a gestão alternativa. Cerca de 80% dos produtos em formato UCITS com mais de 50 milhões de euros de património estão em números vermelhos este ano. É uma má notícia que acontece precisamente na altura em que os investidores tinham aumentado a sua alocação a este tipo de estratégias com o objetivo de diversificar e reduzir o risco das suas carteiras. Por esse motivo, neste ano é mais interessante do que nunca analisar quais são os produtos de gestão alternativa que as gestoras internacionais situam como as suas grandes apostas para 2019.

O melhor guia para conhecer quais serão os produtos nos quais as gestoras mais confiam continua a ser a sondagem que a Funds People realiza entre os responsáveis máximos de 15 gestoras internacionais com escritórios de representação na Península Ibérica, na qual se pergunta qual é a sua melhor ideia na gestão alternativa para encarar o próximo ano. A sondagem é respondida anualmente pelos diretores gerais das mesmas entidades com o objetivo de conhecer quais são os produtos recomendados e como vão variar as suas preferências ano após ano.

Se compararmos os resultados que a sondagem obtém este ano com aqueles publicados doze meses antes, observa-se que alguns dos responsáveis das gestoras internacionais mantêm a sua fidelidade ao mesmo produto que tinham assinalado o ano passado. Pelo contrário, a maioria aposta este ano num fundo diferente. Seguindo por ordem alfabética, apresentamos-lhe qual é o produto eleito por cada profissional, os motivos pelos quais escolheram essa estratégia e uma breve descrição sobre a filosofia do fundo, explicada pelos mesmos:

Allianz_GI_Romualdo_Trancho_Bay_n_031Romualdo Trancho, Business Development da Allianz Global Investors para a Península Ibérica, escolhe o Allianz Discovery Europe Strategy - A13 – EUR como o fundo a apostar no próximo ano.

O fundo pretende beneficiar de movimentos das ações independentemente da direção do movimento de mercado. Segundo Trancho, “o fundo usa uma estratégia baseada em derivados e investe, por um lado em ações europeias selecionadas (posições longas) e por outro, vende de acordo com a sua estratégia, ações que não detém, cujos preços a gestão espera que caiam (posições curtas). Com posições longas e curtas de investimentos, a estratégia procura reduzir riscos de mercado. As posições curtas e longas não são sempre de igual magnitude para que o fundo se possa desviar da neutralidade de mercado.

Marta MarínA estratégia que Marta Marín escolhe para investir em 2019 é o Amundi Funds II – Absolute Return Multi Strategy, um fundo de retorno absoluto multriestratégia que procura gerar retornos estáveis com uma baixa volatilidade e em todo o ciclo de mercado. Segundo revela a diretora geral da Amundi para a Península Ibérica, o produto investe numa vasta gama de classes de ativos tanto tradicionais como alternativas com estratégias tanto direcionais como não direcionais. “O processo conta com uma gestão rigorosa do risco e baseia-se em quatro pilares entre os quais se se encontra o orçamento de risco, procurando uma diversificação eficaz. Assim, a estratégia macro reflete a perspetiva do mundo da equipa de gestão; isto enquanto que a estratégia de cobertura macro procura proteger a carteira face a riscos derivados de cenários alternativos. As estratégias satélite procuram gerar alfa e valor relativo com pouca correlação entre si e, por último, as estratégias de seleção procuram identificar emissores de dívida pública e privada que possam gerar uma rentabilidade estável que aumente a diversificação. Trata-se de um fundo que pode melhorar o perfil de rentabilidade e risco de uma carteira multiativa”, destaca.

Beatriz Barros de Lis AXANa gestão alternativa, o produto assinalado por Beatriz Barros de Lis, diretora geral da AXA Investment Managers para Portugal e Espanha, é o AXA WF Multi-Premia. “Com um património inicial de 1.000 milhões de dólares e gerido pela AXA IM Chorus - a equipa de investimento da empresa em Hong Kong - é um fundo com uma abordagem líquida e diversificado que procura oferecer aos investidores rentabilidades ajustadas ao risco constantes e sem correlação com as classes de ativos tradicionais. Consegue-o mediante a seleção, procurando a constante combinação de fatores. O nosso objetivo com esta nova estratégia é oferecer aos clientes rentabilidades ajustadas ao risco atrativas, transparentes e com liquidez. A estratégia investe em instrumentos líquidos de ações, taxas de juro, taxas cambiais e obrigações privadas”, explica a responsável.

aitorO fundo de gestão alternativa assinalado por Aitor Jauregui, responsável da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra, é o BSF Americas Diversified Absolute Return. “Embora a nossa perspetiva de mercado continue a ser positiva, vemos um certo nível de incerteza face ao futuro. Isso, aliado a condições financeiras mais restritivas a nível global leva-nos a recomendar a construção de carteiras mais resilientes. A incorporação de estratégias alternativas pode fornecer lucros como uma maior diversificação e um "compartimento" descorrelacionado com as principais classes de ativos tradicionais. Da BlackRock, destacamos o BSF Americas Diversified Absolute Return, que oferece exposição ao mercado americano com uma abordagem de retorno absoluto, long/short equity market neutral. Este fundo combina uma análise fundamental com sinais de investimento quantitativos. A equipa de gestão tem inovado, há mais de 20 anos, com o desenvolvimento de sinais de investimento e foi pioneira ao incluir big data no seu processo de seleção de empresas”, sublinha Jauregui.

Sasha_EversO produto que Sasha Evers escolhe para o próximo ano é o BNY Mellon Absolute Return Equity Fund (AREF), um fundo de posições longas e curtas em ações. “Investe em empresas, principalmente europeias, até alcançar uma carteira de cerca de 80-120 pares de posições (uma posição longa neutraliza uma posição curta). É gerido pela Insight, filial da BNY Mellon, especialista em gestão de estratégias de rentabilidade absoluta. O risco de perda no BNY Mellon Absolute Return Equity Fund gere-se através de uma rigorosa política de “stop-loss” (máxima perda por posição de 40 pontos básicos). Além disso, o fundo mantém uma exposição líquida entre (-10) e +20 e um máximo em exposição bruta de 200%”, explica o diretor geral da BNY Mellon IM para a Península Ibérica e América Latina.

franklinO produto que Javier Villegas escolhe é o Franklin K2 Alternative Strategies. “No contexto atual de taxas de juro, os mercados alternativos representam um bom complemento às obrigações para os perfis mais conservadores. As estratégias alternativas procuram oferecer retornos descorrelacionados face às ações e obrigações. Estamos numa época de mudança de ciclo: vimos de um contexto de taxas zero e liquidez total onde a correlação entre as várias classes de ativos foi muito alta. Agora dirigimo-nos para um mundo mais normalizado no qual os spreads terão muito mais importância com taxas em subida; nesse mundo veremos mais dispersão entre classes de ativos e este é o contexto que os gestores alternativos necessitam para poder dar bons resultado. O Franklin K2 Alternative Strategies procura selecionar os melhores gestores dentro das principais estratégias de alternativos, L/S Equity, Relative Value, Event Driven e Global Macro, para conseguir um objetivo de rentabilidade de entre cerca de 3% e 5% com um objetivo de volatilidade de entre cerca de 3% e 5%, sublinha o diretor geral da Franklin Templeton Investments para a Península Ibérica.

JavierA opção que Javier Mallo defende na gestão alternativa é o Legg Mason Martin Currie European Absolute Alpha. Tal como assinala o responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha, “trata-se de um fundo long-short de ações europeias, gerido de forma ativa e com uma vasta flexibilidade. Esta estratégia permite que os seus gestores, Michael Browne e Steve Frost, sejam capazes de capturar as subidas quando os mercados sobem, e limitar as quedas em períodos de correção como os que vivemos recentemente. Esta estratégia permite um maior controlo da volatilidade, o que será fundamental nos próximos meses. Alcançou uma rentabilidade anualizada superior ao índice MSCI Europe desde o seu lançamento”.

NordeaPara Laura Donzella, diretora de vendas da Nordea AM para a Península Ibérica e América Latina, o contexto atual de mercado requer soluções capazes de fazer frente a vários cenários e oferecer diversificação às carteiras dos investidores. “As nossas soluções multiativas, focadas nos prémios de risco, cumprem com estes requisitos. Se estiver preocupado com as elevadas valorizações das ações e das possíveis subidas das taxas de juro, o Nordea 1 – Alpha 7 MA Fund pode ser a solução: este investimento alternativo líquido, com um perfil de risco moderado, oferece uma verdadeira diversificação face às classes de ativo tradicionais graças ao seu vasto universo de investimento ao nível dos prémios de risco”, explica a responsável da empresa nórdica.

CarlaO mercado bolsista norte-americano está em máximos históricos. Neste contexto de fim de ciclo, de retirada de incentivos fiscais e de subida de taxas, Carla Bergareche acredita que uma abordagem long/short pode ser a mais adequada. O fundo de gestão alternativa selecionado pela diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha é o Schroder GAIA Sirios US Equity, produto que investe em ações de pequenas e médias empresas dos Estados Unidos, embora também possa investir na Europa e Ásia, e até possa tomar posições oportunísticas em obrigações em períodos complicados. “O fundo é gerido com uma abordagem de stock picking, que nos parece muito adequado para este contexto, sobretudo ao poder assumir posições curtas. Isto reduz a volatilidade e permite ao fundo participar nas subidas dos mercados enfatizando a proteção de capital nos bear markets”, explica.

Diogo gomesDe toda a gama de fundos de gestão alternativa que a UBS Asset Management apresenta em Portugal, o produto que Diogo Gomes recomenda para ter em carteira durante o próximo ano é o Global Real Estate Fund Selection. Tal como detalha o responsável de vendas para o mercado português trata-se de um fundo que “só se encontra disponível para investidores qualificados, profissionais ou institucionais”. Além disso, tendo como característica uma estrutura de fundo de fundos, este produto permite uma exposição instantânea a uma carteira imobiliária global core diversificada (atualmente 39 fundos).

Diogo Gomes refere ainda a “baixa volatilidade do fundo durante um período de tempo prolongado (113 meses positivos entre 123 meses, desde a origem, em junho de 2008”). Relativamente aos retornos entregues, estes revelam-se “atrativos" e são "garantidos por alugueres longos e mais de 24000 inquilinos com boas garantias.  A sua exposição a ativos é de elevada qualidade em mercados estratégicos, segundo o vendas. O investimento é, ainda, feito através de um fundo UCITS luxemburguês. Para concluir, Diogo Gomes considera que o fundo tem “um bom track record durante mais de dez anos”.