Fundos de investimento percepcionados como produtos com risco financeiro médio

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007 Lego., Flickr, Creative Commons

Estudar as caraterísticas dos investidores e das suas carteiras de investimentos. Foi este o objetivo a que se propôs a CMVM aquando da realização do inquérito online ao perfil do investidor de 2018, cujos resultados se tornaram agora públicos.

Dirigindo-se aos “investidores em valores mobiliários em Portugal”, o regulador propôs-se a entender os conhecimentos financeiros destes agentes, bem como as suas atitudes face ao risco e o seu processo de tomada de decisão no mercado de valores mobiliários. Uma amostra que contemplou 2.311 respondentes, 82% do sexo masculino, com 3,4 em 5 ao nível da literacia financeira e com uma percentagem de 52% dos investidores ativos.

Valores mobiliários: aptidão digital diminuta

A utilização de ferramentas digitais, segundo os inquiridos, destina-se a operações muito específicas. O regulador especifica que “a maioria dos respondentes recorre pelo menos uma vez por semana a este tipo de ferramentas para efetuar operações como consultar os saldos bancários (93,6%), pagar compras e serviços (85,3%) e efetuar transferências bancárias (74,9%)”. O mesmo comportamento, mas relativamente aos valores mobiliários, mostra uma frequência de utilização mais diminuta. “Cerca de 67,1% dos respondentes raramente ou nunca negoceiam ações, obrigações e fundos de investimento através de ferramentas digitais”, pode ler-se.

Derivados: risco elevado 

Conclusões interessantes surgem também quando se explora a atitude face ao risco dos inquiridos. Numa avaliação do seu perfil de risco - relativo ao investimento em valores mobiliários -  cerca de 7 em cada 20 respondentes classificam-se como propensos ao risco ou com gosto em arriscar, 26,2% consideram-se avessos ao risco ou sem gosto por arriscar e 26,0% assumem-se neutros face ao risco. Neste campo do risco, mas quando o enfoque são alguns produtos em específico, a CMVM proporciona dados que mostram -  como o próprio regulador escreve – que “a percepção que os respondentes têm do grau de risco de diferentes aplicações financeiras sugere algum conhecimento sobre o funcionamento e as características desses produtos”. 85,8% dos questionados reconhecem que os instrumentos financeiros derivados são produtos de alto risco (relativamente a reaver o dinheiro investido), percentagem que desce para 66,5% no caso das ações. Destaque ainda para o facto de uma percentagem elevada de inquiridos que não sabem ou optam por não responder a estas questões, principalmente a relativa ao grau de risco associado a obrigações de empresas.

 

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Como visível na tabela acima, os fundos de investimentos são a aplicação financeira que reúne da parte dos investidores a percentagem mais significativa ao nível da classificação de risco médio. 65% dos questionados consideram que os fundos de investimento apresentam portanto um risco médio.

Precisamente os fundos de investimento demonstram ser um produto em que os investidores precisam de auxílio na hora de investir. Se ao nível das ações, 41,7% dos indivíduos afirmam ser totalmente autónomos, “no caso das obrigações de empresas ou dos fundos de investimento apenas um em cada três respondentes dispensam auxílio no processo de investimento”.

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