Fundos de investimento imobiliários ganham mercado

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Francisco Antunes, Flickr, Creative Commons

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) consolidam-se, cada vez mais, como uma opção atractiva de investimento, com uma subida de 97% no património líquido, entre Janeiro de 2012 e Janeiro de 2013.

Reinaldo Lacerda, presidente do Comité de Produtos Financeiros Imobiliários da ANBIMA e superintendente de Wealth Management e Produtos do Banco Votorantim, que participou do 7º Congresso ANBIMA de Fundos de Investimento, afirmou que há estimativas para maior crescimento desta indústria durante 2013.

195 fundos registados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Do total, 100 são negociados em bolsa. No ano passado, foram feitas 49 ofertas no valor de 14 mil milhões de reais. No que vai de 2013, o valor desse tipo de ofertas já chegou aos 4 mil milhões de reais. “Teremos um bom ano para a indústria de fundos imobiliários”, prevê Lacerda.

Para se ter uma ideia da evolução do sector, iniciado no Brasil em 1993, o património dos fundos não ultrapassavam 3 mil milhões de reais em 2007. Em Abril de 2013, esse volume estava nos 30 mil milhões de reais. A quantidade de investidores aumentou de 20 mil, em 2011, para mais de 100 mil, este ano. O volume de negociações mensais também ganhou peso extra. Passou de 30 milhões de reais, durante 2010, para mil milhões, em Março de 2013. 

Segundo Lacerda, a evolução do índice de rendibilidade do mercado brasileiro de imóveis comerciais (IGMI-C), criado pela Fundação Getulio Vargas em 2000, cresceu 810%, até 2012. Para efeito de comparação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) aumentou 120% no período e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que afere a evolução dos custos das construções, subiu 181%. “Houve um ganho extraordinário dos fundos sobre a inflação e a valorização dos imóveis”.

Para Rodrigo Machado, sócio da XP Investimentos, apesar dos bons números do mercado, ainda há pouco conhecimento entre os investidores sobre os FIIs. “Ainda estamos na fase inicial da indústria e o sector tem espaço para crescer, por conta de investimentos em diferentes regiões do Brasil”.

Segundo Diego Henrique Fonseca, da área de Produtos Imobiliários e Operações Estruturadas do CSHG Private Banking, do total de 500 mil milhões de reais aplicados em 'private banking' no país, cerca de 2% estão alocados em FII. “É preciso comparar as diferentes carteiras de investimentos”, diz. “A vacância de imóveis tem aparecido mais no mercado e há uma preocupação como esse cenário vai se comportar no futuro.”

Leonardo Silva de Loyola Reis, gerente executivo da Divisão de Mercado de Capitais e Investimentos do Banco do Brasil (BB), afirma que a evolução do sector deve passar pela educação dos investidores, que precisam entender os riscos das operações. O BB treinou equipas de vendas para fazer um trabalho de distribuição, focado no perfil dos clientes. “Ainda não estamos num estágio em que os investidores estão familiarizados com o tema. E os FIIs são, invariavelmente, produtos para pessoas físicas”.

De acordo com Francisca Albuquerque Brasileiro, consultora sénior de investimentos da Towers Watson, os mercados institucionais estão a profissionalizar-se e apresentam uma gestão de fundos cada vez mais sofisticada. “O investidor já reconhece os FIIs como uma possibilidade de investir em imóveis e o nicho é a primeira opção para diversificar carteiras.” No ano passado, a consultora fez estudos para activos que totalizaram 60 mil milhões de reais. “Desse total, de 3% a 5%, ou pelo menos 30 milhões de reais, foram recomendados para investimentos em FII”.