Fundos de curto prazo são os que mais dinheiro captam

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757Live, Flickr, Creative Commons

Os fundos de investimento mobiliário (FIM) com subscrições líquidas positivas mais elevadas em Maio, assim como desde início do ano, são de curto prazo, o que reflecte “a necessidade de liquidez nas carteiras e os receios de correcções nos mercados de renda fixa. Neste cenário, a que se juntam as incertezas políticas e económicas da Europa, os investimentos de curto prazo acabam por ser uma solução de preenchimento dos vazios deixados nos movimentos de realocação das carteiras”, explica Miguel Azevedo e Silva, director - adjunto do departamento de banca privada do Banco Carregosa. “Estes movimentos são a consequência de uma série de factores. Sendo óbvio o movimento defensivo, fruto da fragilidade económica que perdura, o ‘stress’ provocado pela instabilidade que a crise no Chipre despoletou levou à procura por parte dos investidores de sucedâneos dos tradicionais depósitos a prazo, numa lógica de dispersão de risco”, explicou Eliana Nogueira, do departamento de gestão da poupança do BES

De acordo com os dados divulgados pela APFIPP, a categoria com saldo positivo mais elevado em Maio foi a de fundos de tesouraria euro, com 108,1 milhões de euros, ocupando o segundo lugar no valor acumulado desde início do ano com 432,6 milhões de euros. Já os fundos especiais de investimento (FEI) de curto prazo tiveram subscrições líquidas de 100,5 milhões de euros em Maio, liderando no montante nos primeiros cinco meses de 2013, com 576,6 milhões de euros. A categoria de fundos de mercado monetário euro ocupa o terceiro lugar tanto em valor mensal como no acumulado do ano, com 41,7 milhões de euros de subscrições líquidas em Maio e um total de 288,9 milhões de euros em 2013.

Eliana Nogueira acrescenta que “a oferta desta classe (fundos curto prazo) tem ainda oferecido retornos bastante interessantes, no actual contexto de taxas de juro mínimas” e que há que ter em conta o “facto da classe de activos obrigações, que teve o seu grande momento de protagonismo a partir do segundo semestre de 2012, ter atingido um nível de preços (e consequente retorno para novos reforços) claramente distorcido face ao real risco percepcionado pelos investidores”.

Os investidores estão desde o inicio do ano numa procura de fontes alternativas de retorno "competindo aos gestores o alerta e antecipação de movimentos que têm como consequência variações menos positivas nalguns produtos como, por exemplo, ‘high yield’", refere Miguel Azevedo e Silva que acrescenta ainda que "para um nível de risco equivalente, os clientes têm preferido activos de renda variável, nomeadamente acções". Eliana Nogueira conclui que “é fundamental a manutenção da disciplina de investimento não tentando colmatar a falta de retorno com um aumento de risco desadequado. A elevada volatilidade e incerteza condicionam assim as decisões de investimento, levando a um posicionamento globalmente mais conservador, para uma parte do seu património, algo que estes FIM conseguem colmatar com níveis de retorno bastante atractivos”.         

Esta rotação vai-se tornando evidente nas subscrições positivas de alguns fundos de acções em Maio, como os de América do Norte, que receberem 2,2 milhões de euros, e os fundos especiais de investimento com mais 0,5 milhões de euros no mês passado. Outro exemplo são os fundos mistos predominantemente de acções que têm apresentado subscrições líquidas positivas desde o início do ano.  

No total houve 14 categorias de fundos mobiliários com saldo positivo entre subscrições e resgates em Maio, contra duas que tiveram saldo zero e 15 que registaram saldo negativo. Os FIM tiveram subscrições líquidas de 303,1 milhões de euros, resultado de subscrições de 1.061,3 milhões de euros e de resgates de 758,2 milhões de euros.