Frente a frente: captações e rentabilidades

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Durante todo o ano de 2017 muitas vozes se levantavam sistematicamente a apregoar o eventual regresso da volatilidade. Contudo, os meses passavam sem que qualquer evento despoletasse alguma trepidação nos mercados de ações e obrigações, que subiam de forma sincronizada nas diversas geografias de referência.

Passado um ano, a realidade não podia ser mais diferente. Volatilidade, descorrelação e retornos no vermelho marcam o regresso de um contexto que há muito se previa.  E claramente alguns gestores de fundos de investimento foram apanhados desprevenidos, de tal modo que, de 44 categorias de fundos em que encaixam os fundos mobiliários nacionais (categoria Morningstar), apenas 10 proporcionaram aos investidores um retorno médio positivo no primeiro semestre do ano. Piorando as estatísticas, apenas 28 em 146 fundos concentraram esses retornos positivos.

Apanhados de surpresa foram também os investidores em fundos considerados de muito baixo ou baixo risco - mercado monetário, obrigações de muito curto prazo e de curto-prazo, alocação cautelosa - que, contrariamente ao que seria intuitivo, posicionam-se do lado negativo da tabela. Por outro lado, os grandes 'vencedores' por rentabilidade do semestre foram fundos de ações. Ações nacionais, norte-americanas ou dos setores energético e da saúde, foram algumas das sub-classes de ativos que melhor performance demonstraram no período, premiando os investidores que assumiram mais risco, num contexto em que o bias muito humano que é a aversão às perdas encaminhou os investidores para segmentos com um risco mais moderado.

Follow the money!

De facto, mesmo observando retornos negativos as categorias de alocação - principalmente alocação cautelosa e moderada - foram aquelas que mais ativos atraíram no semestre. As categorias de allocation como um todo absorveram cerca de 312 milhões de euros no primeiro semestre.

Por outro lado, as categorias de mercado monetário e tesouraria (money market e ultra short-term bond) sofreram um agregado de mais de 300 milhões de outflows no segundo trimestre, posicionando-as como as categorias mais resgatadas na primeira metade do ano.

Numa perspectiva global não se observa qualquer relação entre as rentabilidades e as captações verificadas no período em análise. Na sua generalidade os montantes geridos por fundos mobiliários portugueses mostram uma evolução praticamente anémica no primeiro semestre. Segundo dados da APFIPP, o mercado captou uns meros 5 milhões de euros no período.

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