François Millet (Lyxor ETF): “Os fundos europeus ESG já captaram mais dinheiro este ano do que em 2018 todo”

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O auge do investimento socialmente responsável não se vê só nas campanhas de marketing das gestoras nem no facto de que em todas as apresentações ou entrevistas com gestores haja sempre um espaço dedicado a explicar como se integram os critérios ESG nas carteiras. Também se nota, e muito, nos fluxos que estes produtos vão recebendo ano após ano.

“Após um ano muito negativo como 2018, este ano os fluxos já são maiores do que todos aqueles observados em 2018, com 29 000 milhões de euros, dos quais 30% vieram da gestão passiva, representando 20% de todas as subscrições que receberam os fundos europeus”, afirmaram François Millet, responsável de ETF, ESG e inovação da Lyxor ETF num encontro com jornalistas. As causas desta espetacular recuperação são principalmente duas.  A primeira é que aconteceu no calor do regresso dos fluxos ao mercado em termos gerais após um nefasto 2018, e a segunda é o cada vez maior interesse por parte dos investidores, que já não são só instituições, mas também particulares – de facto, na Europa, estes representam 25% do total quando há apenas dois anos eram 18%, segundo o Estudo Global sobre Investimentos Sustentáveis que a associação internacional SIF realiza de forma bienal.

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Além disso, nesta nova corrente que é o ESG, que para Millet não se trata de uma mera tendência, mas de uma corrente transformadora que influencia também muito o grande impulso que se está a dar a este tipo de investidores, não apenas vinda da indústria de gestão ativa, mas também das gestoras passivas. “A chave é que cada vez se utilizam mais como benchmarks os índices que integram critérios ESG. O investimento passivo pode ser chave na transformação pela sua capacidade para mudar os índices de referência dos seus investidores perante outros que incluam critérios mais ESG”, refere Millet.

De momento, os números confirmam esse aumento da contribuição da gestão passiva na integração de ESG nos produtos de investimento. “Só os fundos de investimento e ETF geriam 1,1 biliões de euros dos quais 89% estão em fundos ativos e 11% em passivos. Ainda assim o crescimento dos passivos foi de 35% nos últimos três anos face aos 11% de crescimento dos ativos”, aponta.

Esta tendência de crescimento não fará outra coisa senão aumentar nos próximos anos e já não só no calor de um aumento da oferta, mas também porque começa a mudar a procura dos investidores que estão interessados em integrar estes critérios nas suas carteiras. “Vemos uma mudança de prioridades nos investidores com os quais lidamos. Há anos procuraram uma rentabilidade extra ao investir com critérios ESG com uma visão a longo prazo, o que é algo positivo. A pergunta já não é o porquê ter uma carteira com critérios ESG, mas o porquê de não ter”, afirma. Millet.