Francisco Carneiro (Lisbon Family Office): “Penso que as bolsas vão continuar a subir com os habituais pânicos de tempos a tempos. Eu vou participar. Quero ter uma vida melhor”

Francisco Carneiro
Vitor Duarte

Existe sempre um bull-market no mundo, ou em inglês There is always a Bull Market in the World, é o lema da mais recente sociedade de consultoria para investimento constituída em Portugal. Ao seu leme, um profissional veterano da gestão de ativos em Portugal que desenvolveu a sua extensa carreira no grupo  BPI, muito focado em investimentos alternativos: Francisco Carneiro. A equipa é pequena. De facto, Manuel Moura (à esquerda, na foto), é o engenheiro e o quantitativo do LFO e, para já, são apenas estes dois profissionais que têm o destino desta nova SCI nas mãos. A vasta experiência em fundos alternativos de Francisco Carneiro é assim complementada com as capacidades técnicas de um jovem engenheiro que começou recentemente a sua carreira profissional. Modelos de base técnica e fundamental dirigem a seleção de títulos e outros veículos de investimento da entidade sendo que, para já, se focam no investimento direto em ações e em ETFs de ações (também alguns hedge funds), mas cujas valências se estendem a qualquer classe de ativos em que os clientes necessitem de apoio. “Somos uma empresa nova, estamos ainda a construir o negócio”, comenta Francisco Carneiro. O ponto de partida do trabalho é muito baseado na experiência deste especialista de investimentos. O _I5A8186que a equipa quer fazer é investir “ao lado dos melhores hedge funds do mundo. Em que é que estes estão a investir? Onde estão a reforçar?”, são as questões que levantam antes de seguirem com o seu próprio processo. Na área do crédito e dívida, a LFO tem também modelos de investimento que se baseiam numa convicção de Francisco Carneiro: “Eu não acredito no jump to default”. Quer com isto dizer que as empresas e entidades não passam de “hoje está tudo bem e amanhã default. Eu acredito que o processo é mais progressivo do que isso. Surgem sinais, e só depois o default”.

Já sobre o que os define, e relacionado com o lema da entidade, Francisco Carneiro é assertivo. “Gostamos de nadar com a corrente. Gostamos de fazer coisas que estão a funcionar muito bem, gostamos de fazer o que resulta e o que é fácil”, comenta. “Nos Descobrimentos havia uma época ideal para as naus Portuguesas partirem para a Índia e outra para voltar. Nós achamos que é um disparate navegar nas alturas más. Pode ser arriscado”.

Duas vertentes de negócio

Supervisionado pela CMVM, o Lisbon Family Office apresenta-se no mercado com duas vertentes de negócio distintas. Por um lado, participam como consultores independentes no processo de investimento de grandes casas internacionais. “Neste momento temos clientes em Londres e Nova Iorque. Aqui participamos nos comités de investimento dessas casas e somos consultados no contexto de projetos específicos”, conta Francisco Carneiro. Por outro lado, executam a consultoria para investimento tradicional, em que, após o conhecimento aprofundado do cliente, procuram “recomendar investimentos e estratégias apropriadas, sempre em sintonia com os mercados”. E com um modelo de comissionamento fixo, não existe, para Francisco Carneiro, qualquer obstáculo à independência, sendo que, adicionalmente, os clientes podem escolher o banco ou corretora com quem querem trabalhar.

Proposta de valor

Sobre a proposta de valor, o Francisco Carneiro destaca uma premissa muito simples também. “Nós, que executamos em full-time esta atividade há mais de 30 anos, achamos que a executamos melhor do que um cliente que acompanha e trata dos seus investimentos em part-time. Apenas fazemos recomendações de investimento. Mais nada”, resume o profissional acrescentando um argumento muito forte. “Temos clientes sofisticados e gigantes em grandes centros financeiros mundiais. Se não tivéssemos qualidade, isso não aconteceria”.

Adicionalmente, para o Francisco Carneiro, prestar esse serviço sedeado em Portugal ou em qualquer outro país do mundo não é muito diferente. O talento não é limitado pela geografia. “Investir em ações da Apple ou da Dominos’s Pizza é exactamente igual estando em Portugal ou em Nova Iorque. Eu acho que esta flexibilidade é algo que se deve aproveitar”. Já a mentalidade do investidor apresenta algumas características mais locais. “Penso que em Portugal existe muito medo. Devido à excessiva concentração dos investimentos houve alguns clientes que ficaram chamuscados com o que aconteceu na Portugal Telecom, no BCP ou até no BES. Os clientes não arriscam, apesar das pessoas otimistas terem uma vida muito melhor que as pessimistas”, salienta Francisco Carneiro. “Em Portugal existe muito a ideia de que nós é que sabemos. Vamos fazer à portuguesa. Eu não quero fazer à portuguesa porque não resulta. A história está do lado dos otimistas. Otimismo é o único realismo. Penso que as bolsas vão continuar a subir com os habituais pânicos de tempos a tempos. Eu vou participar. Quero ter uma vida melhor”, explica, citando Marty Rubin, autor do livro The Boiled Frog Syndrome: “Optimists think badly, but live well”.

 

O tipo de cliente que fará crescer o projeto deverá estar alinhado com a filosofia que Francisco Carneiro consolidou ao longo da sua vasta experiência. “Em 1998/1999 houve uma bolha nas empresas tecnológicas, e eu fiquei com a sensação que passei ao lado de uma oportunidade de fazer muito dinheiro. Ganhei, mas não ganhei o suficiente. Eu quero estar atento e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece. Eu quero participar no melhor que existe no mundo. Há clientes como eu. São esses que me procuram, que querem ter uma vida melhor”, expõe, concluindo com outro dos seus lemas que muito bem reflete a sua forma de olhar para os mercados. “Os investimentos  permitem ter um pé no futuro. Ter um pé no que está a acontecer de mais excitante no mundo. Os investimentos são uma área que pode melhorar a vida dos clientes”.