Fixed income: desconfiança nas obrigações governamentais e preferência por high yield

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journeyman62, Flickr, Creative Commons

Depois de se terem passado a pente fino as motivações dos atores da indústria nacional ao nível das ações, importa também perceber quais as grandes preferências e sobreponderações que têm no que toca ao campo do fixed income.

Evolução das yields a 10 anos em 2016

yields 2016

Num contexto de subidas de taxas de juro nos EUA, a precaução é óbvia para as entidades que acederam responder à Funds People sobre as perspetivas para 2017. Neste contexto indicam, em traços gerais, que a dívida pública terá pela frente um cenário de desafios, já que, como refere a WMU do Millennium BCP “se antevê uma subida da inflação, das taxas de juro de referência nos EUA e moderação do programa de compra de dívida do BCE”. Na mesma lógica de pensamento, da IM Gestão de Ativos afirmam que neste momento “favorecem as obrigações high yield, por exemplo, em detrimento das obrigações governamentais e das corporate investment grade de taxa fixa”. A justificação é semelhante à já referida em cima: “O retorno esperado das obrigações governamentais é praticamente nulo ou eventualmente negativo devido à subida de taxas de juro que acompanhará o aumento de inflação, a reincorporação de um prémio de duração e, no caso europeu, a antecipação do fim do programa de compra de ativos do BCE, penalizando em particular os países periféricos”.

Reforço de confiança no high yield

O segmento high yield é neste contexto referido como sendo uma boa alternativa de investimento. Da IMGA justificam falando da proteção proporcionada por “maiores cupões num contexto de estabilidade das taxas de incumprimento e, no caso dos EUA, da recuperação do sector energético decorrente da subida verificada nos preços da energia”. Focando o valor que encontram neste segmento, principalmente norte-americano, da BlueCrow indicam que a este nível “o pricing de risco é mais natural e a liquidez de mercado mais relevante”. Nesta classe de ativos sublinham o valor das obrigações de empresas químicas e ligadas ao sector do petróleo.

Com um esperado aumento da inflação e a liquidez dos bancos centrais a encurtar, da Invest Gestão de Activos também acreditam que estão reunidas as condições para que se reduza “o potencial para ganhos nas obrigações soberanas core” e “corporates de melhor rating”. Por estes motivos coincidem com a opinião da BlueCrow e veem oportunidades interessantes no segmento high yield dos Estados Unidos, enquanto que na Europa vislumbram valor em corporate hybrids.

No caso do Banco BIC, da direção de mercado de capitais, indicam que estão "posicionados nas obrigações com durations mais curtas tendo em conta os níveis historicamente baixos das yields e o facto da FED ter avançado no ciclo de subida de taxas". 

Por fim, numa perspetiva distinta, da Dolat Capital reforçam a existência de oportunidades “em hard-currency de soberanos e empresas de países emergentes e alguns periféricos”.