Fevereiro: mês de grande pressão para o euro?

Com o mercado ainda a assimilar a adopção por parte do BCE de um programa Quantative Easing destinado a evitar a deflação e a promover o crescimento, a Europa tem agora entre mãos o problema Grego.

Com a mudança de governo e com as acções colocadas em marcha imediatamente pelo novo governo o braço de ferro entre a Europa e a Grécia parece estar para durar. Com os Gregos a levantarem 14 mil milhões de Euros nas vésperas das eleições, com a bolsa de Atenas a perder mais de 9% e com os títulos da dívida a 3 anos acima dos 16%, o governo chefiado por Alexis Tsipras continua a insistir em avançar com algumas medidas relevantes. 

A suspensão das poucas privatizações em curso, nomeadamente dos portos e da companhia de electricidade, o aumento em mais de 200 euros do salário mínimo e algumas medidas verdadeiramente populares como a distribuição gratuita de energia às famílias em maiores dificuldades são algumas das medidas claramente opostas às impostas pela Troika, e prometem agitar os próximos dias.

Tsipras parece ter sabido interpretar bem o estado de espírito dos Gregos e falou-lhes ao coração. Fartos de corrupção e com claro domínio de algumas famílias (parece familiar este cenário), os Gregos aptaram pelo discurso do partido de esquerda radical e o apelo à dignidade dos Gregos resultou. No entanto, Tsipras enfrenta agora o teste mais duro: as negociações com Berlim. Será uma batalha muito interessante de seguir e o incómodo sentido por alguns líderes Europeus (caso de Rajoy em Espanha) poderá levar a um abrandamento da austeridade que tem impedido o crescimento. Esse abrandamento vai contra o guião seguido pela Troika, quem poderá vencer tão dura batalha?

A continuação da descida da inflação na Zona Euro deixou de ser tão relevante depois do BCE ter apresentado a sua "bazooka" de 1.1 triliões de Euros. Não estando em prática ainda o programa e com os mais recentes desenvolvimentos na Grécia, o mês de fevereiro deverá ser um mês de grande pressão para a moeda única Europeia.

No entanto a descida da inflação na Alemanha em janeiro para terreno negativo realça a pressão com que a deflação atinge as maiores economias da zona Euro. Enquanto a descida dos preços na Alemanha aparenta ser temporária, a ameaça sobre as outras economias é bem real. O HICP Alemão desceu de +0.1% para -0.5%, mergulhando em terreno negativo pela primeira vez desde outubro de 2009.

Com demasiados holofotes em cima da situação na Grécia e na Europa, o FOMC da Reserva Federal dos Estados Unidos reuniu-se ontem e, na sua primeira reunião do ano, revelou que irá ser paciente na decisão de subida de taxas de juro.

O objectivo do Fed passa por transmitir alguma tranquilidade aos mercados, numa altura em que o abrandamento económico, o cenário de deflação e o tema da Grécia se juntam à queda do preço das matérias primas, com destaque para a queda do preço do petróleo, e ao abrandamento da expansão das economias emergentes.

Com a Reserva Federal claramente em contraciclo com os restantes bancos centrais, a grande preocupação vai para o timing correcto para subir as taxas de modo a não comprometer o crescimento da economia Americana nem ter efeitos nocivos nas outras economias.