Fed vai reduzir estímulos mas em marcha lenta

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Rafael Chamorro, Flickr Creative Commons

A Reserva Federal é a primeira das grandes autoridades monetárias a mudar de direção, numa altura em que a recuperação da economia norte-americana prossegue, ainda que a um ritmo muito moderado.

Johannes Müller, economista chefe do Deutsche Asset & Wealth Management, refere que com a iminente notícia de que a Fed vai começar a reduzir as medidas de estímulo extraordinárias através de uma diminuição do volume de ativos que tem comprado, a “perspetiva de uma menor procura por parte do banco central conduziu a uma descida dos preços, por exemplo das obrigações públicas, acompanhada pela correspondente subida das yields: a taxa interna de rendibilidade das obrigações do Tesouro norte-americanas com maturidade a 10 anos subiu mais de um ponto percentual desde maio”.

Já Russ Koesterich, diretor de estratégias de investimento na BlackRock, alerta que “as expectativas parecem ser de que a redução será mais lenta e menos dramática do que o que foi dito há alguns meses atrás”. Esta mudança nas expetativas, diz Koesterich, conjugada com o amenizar das tensões geopolíticas, “ajudou as ações a fortalecerem-se na semana passada”.

Obrigações high yield e ações emergentes beneficiam

Apesar de alguns dados positivos sobre a economia americana, o especialista da Deutsche Asset & Wealth Management lembra que o “nível do emprego continua a registar menos dois milhões de postos de trabalho do que o nível máximo pré-crise e o estímulo extra sob a forma de taxas de juro negativas já não se justifica”.

O diretor de estratégias de investimento na BlackRock diz mesmo que “dado o aligeirar nos dados económicos e a falta de pressões inflacionárias externas aos preços do petróleo, a Fed vai anunciar apenas uma “modesta” redução na taxa do seu programa de compras de ativos”, refere.

Com este cenário em cima da mesa, na perspetiva da BlackRock, a volatilidade de curto prazo vai manter-se elevada, enquanto os investidores “digerem” os detalhes do anúncio da Fed. “As obrigações high yield devem beneficiar de um cenário de taxas estáveis, com a economia a crescer lentamente. Também os mercados emergentes de ações são apontados como sendo um activo que pode beneficiar deste tipo de cenário”.

Ambos os especialistas concordam que o anúncio da Fed não implicará uma grande redução no seu programa de compras de ativos. Johannes Müller resume que “a Fed prepara-se para começar a tirar o pé do acelerador, mas é pouco provável que, tão cedo, Bernanke e companhia decidam pisar o travão”.