FED contraria expetativas

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epicharmus, Flickr, Creative Commons

Contrariando as expetativas gerais a Fed não anunciou o fim dos estímulos à economia, justificando a necessidade de mais dados económicos. Veja a opinião sobre este assunto de vários especialistas de diversas casas financeiras internacionais.

Rick Rider, diretor de investimentos da equipa de obrigações fundamentais da BlackRock, diz que esta notícia coloca por terra a opinião de que “existe um intervalo para “mexer” nas obrigações do tesouro a 10 anos para cerca de um quarto de ponto de 2,50% para 2,85%”. No entanto o especialista acrescenta que esse intervalo pode variar ainda mais já que “ao longo das próximas semanas vão ser conhecidados dados económicos, vão ser revelados planos para o orçamento do país e vai ser debatido o tecto da dívida e ainda a nomeação do novo chefe da Fed”, diz Rick Rider, acrescentando que esta “espera” vai trazer mais volatilidade para os investidores.

Já Keith Wade, economista-chefe da Schroders, afirma que a “restrição nas condições financeiras foi um sinal de preocupação seguindo o aumento das obrigações do tesouro e das taxas hipotecarias, apesar do presidente da FED também ter expressado algumas preocupações sobre os debate do orçamento, do limite da dívida  e a possibilidade de uma paralisaçãoo governamental”.

David Harris, gestor do Fundo US Fixed Income, da Schroders, afirma que “Ninguém esperava que isto acontecesse. Tudo indicava que se iria iniciar uma redução nos estímulos. Nos comentários de Bernanke, a razão mais interessante para ter ficado tudo como estava foi a do crescimento das taxas de hipotecas – crescimento que a própria FED provocou com a “conversa” do tapering.”

Os três especialistas são unânimes quando afirmam que esta decisão da FED vai fazer com que a volatilidade volte aos mercados financeiros nos próximos meses. “A próxima data para a FED começar a reduzir os estímulos é Outubro apesar de Bernanke ter referido Dezembro como uma altura mais provável”, afirmar Keith Wade. “Com a preocupação nos mercados, os ativos com mais risco vão “aproveitar a boleia” e as yields das obrigações já estão em queda acentuada juntamente com o dólar”, conclui o especialista da Schroders.

Stephen Cohen, Estratega-Chefe da BlackRock para as Obrigações Internacionais,
"As ações das reservas federais são claramente favoráveis ​​a ativos de risco no curto prazo, como estamos a ver hoje. Os preços, provavelmente, irão permanecer voláteis dada a falta de clareza sobre intenções da FED e do risco de crédito. Os mercados de crédito devem continuar a ter um bom desempenho”.

Já Ken Taubes, Head of Investment Management da Pioneer Investments, também ficou surpreendido com a decisão da FED. “Esta reação da FED é irónica, porque a FED demorou a resolver os problemas para reduzir a volatilidade, através de conferencias de empresa, novas orientações, etc., e agora surpreende no mercado”, afirma o especialista.

Para a Pioneer Investments, “os investidores devem manter o foco sobre os dados económicos , mantendo a sua forma de investimento e de ignorando qualquer linguagem corporal da FED”.

Sobre o  ativos de risco, Ken Taubes, acha que ”os mercados mais arriscados foram apenas modestamente afetados por toda esta conversa de redução gradual”.  Em relação aos mercados globais, o especialista acha que a decisão da FED ”deve ajudar os mercados asiáticos e alguns mercados emergentes”.