Fatores a ter em conta para investir no Efeito Millennial

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Elizabeth Hahn, Flicker, Creative Commons

Ainda que a temática do investimento demográfico se tenha focado mais na geração dos Baby Boomers e nos desafios colocados pelo envelhecimento da população, existe outra faixa etária que também está a atrair a atenção dos investidores, ainda que por motivos diferentes: os Millennials. “É a geração mais populosa do mundo e começou agora a integrar o mercado de trabalho. O seu rendimento está a crescer e definir as suas características geracionais terá, partindo do nosso ponto de vista, um impacto cada vez maior sobre as empresas e mercados”, afirmam da Goldman Sachs AM.

Também conhecidos como “Geração Y”, a gestora engloba nesta categoria aqueles indivíduos com idades compreendidas entre os 16 e os 35 anos: calculam que sejam mais de 2.000 milhões de pessoas em todo o mundo, ultrapassando os 1.400 milhões da Geração X e os 1.200 milhões dos Baby Boomers. Os analistas preveem que “os Millennials comecem rapidamente a substituir os Baby Boomers como o maior motor económico de criação de riqueza e gasto em consumo”.

Pezinho

Segundo as projeções da gestora, 75% do mercado laboral global será composto por membros desta geração em 2025. Tendo em conta que o seu nível de formação é o mais alto da história, pode-se presumir que “o seu rendimento e o seu consumo serão mais sustentáveis”; na Goldman Sachs AM calcula-se que o consumo dos Millennials se incremente nos 17% nos próximos cinco anos e que o seu poder de compra irá sobrepor-se ao dos Baby Boomers provavelmente em 2018.

Pezinho

Os Millennials também são a primeira geração de nativos digitais da história. A sua compreensão e habilidade com as tecnologias converteu-os em consumidores inteligentes: “Este constante acesso à informação ajuda a dar forma à maneira como os Millennials pensam, comunicam e tomam decisões”.

Trata-se assim de uma geração que prefere ter acesso a ativos ou experiências em vez de ser proprietários. Segundo os especialistas, há até três grandes fatores que podem explicar esta tendência: “1) Os Millennials tendem a ser mais sensíveis aos preços e cautelosos com as dívidas; 2) A tecnologia e inovação na oferta de serviços criou formas fáceis de partilhar ativos; 3) Os Millennials valorizam mais experiências, como viajar ou assistir a espetáculos ao vivo, mais do que bens materiais”.

Como investir?

O primeiro passo para obter exposição a esta temática passa, segundo a gestora, por “identificar as empresas com motores de crescimento sustentáveis”. As empresas que desenvolvem inovações tecnológicas que se possam integrar no dia-a-dia dos Millennials são fatores-chave; segundo a Goldman Sachs AM, “irão impulsionar algumas das maiores áreas de mudança e de oportunidades de investimento por setores e regiões geográficas”. Apontam ainda três grandes exemplos de setores que são favorecidos pelo fator Millennial.

#1 Ecossistemas tecnológicos

Se em 2011 30% dos Millennials tinham um smartphone, em 2013 já eram 76%. Na gestora distinguem entre o hardware destes telemóveis, que “começa a mostrar sinais de saturação” e o ecossistema em torno deles, com especial destaque para os meios de comunicação social e o seu impacto sobre o uso da publicidade e do marketing. “Acreditamos que as empresas que se centram em adaptar as suas estratégias de publicidade e marketing enquanto meios mais amigáveis para os Millennials podem estar melhor posicionadas para gerar uma identificação com a marca comercial deste importante grupo demográfico”, afirmam os analistas da Goldman Sachs AM. As empresas de publicidade tradicional que sejam capazes de evoluir também poderão beneficiar.

Paralelamente, o estilo de vida altamente tecnológico dos Millennials “poderá ajudar a incrementar nove vezes o uso da informação nos próximos anos”. Cada vez mais empresas estão conscientes deste forte uso da informação e estão a aumentar os seus investimentos nesta área, daí que a gestora também veja oportunidades de investimento em empresas que se especializem no armazenamento e processamento de grandes quantidades de informação. Este enfoque virado para a big data também pode ter impacto sobre setores para lá da tecnologia, como por exemplo sobre os fabricantes de automóveis ou empresas do setor da saúde.

#2 Consumo

A capitalização do comércio eletrónico alcançou 1,4 biliões de dólares, mas as vendas online ainda representam apenas 7% das vendas de retalho, algo que na gestora interpretam como um grande potencial de desenvolvimento para este campo. Para além disso, o comércio online “tem-se expandido desde as suas raízes no comércio de retalho e teve impacto em novas áreas como a moda, entrega de comida ou serviços financeiros”.

Outra das características dos Millennials é a sua disposição para competir através da economia colaborativa: “Dada a tendência de muitos Millennials em priorizar o acesso à propriedade, foram pioneiros e ajudaram as empresas a expandir a sua quota de mercado até se converterem em mainstream”. Podem encontrar-se exemplos de economia colaborativa no setor do turismo ou transportes, assim como na indústria musical. A Goldman Sachs AM apresenta um exemplo significativo: na China, os Millennials são mais de 60% de todos os turistas dispostos a viajar para o estrangeiro e monopolizaram 80% de todas as reservas de viagens online. “Acreditamos que as empresas de serviços turísticos online e de infraestruturas de viagens, como operadores de aeroportos, podem beneficiar desta tendência,”, concluem.

#3 Saúde e bem-estar

O desporto, as atividades ao ar livre e um estilo de vida mais saudável compõem o retrato robô dos Millennials, o que está a influenciar os padrões de consumo de muitas maneiras: incrementaram-se as vendas de roupa desportiva – especialmente em países como a China – assim como de dispositivos que ajudem, através da tecnologia, a medir a atividade física.

Se à preocupação pelo bem-estar se juntar a consciência ecológica dos membros desta geração, pode-se observar através disso a sua influência, por exemplo, no incremento das vendas de comida orgânica. Segundo os cálculos da gestora, o mercado de alimentação saudável e bem-estar pode crescer até os 1,1 bilhões de dólares em 2019, “com muitas empresas a desfrutar de margens muito altas, visto que são capazes de aplicar preços premium”.

Goldman Sachs AM plasmou estas e outras ideias de investimento num fundo de ações que pretende explorar a temática dos Millennials, o GS Global Millennials Equity Porfolio.