Externalizar serviços: aumento de custos ou simples estratégia da entidade?

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balajiwebworld, Flickr, Creative Commons

É principalmente desde 2008 que os desafios impostos à indústria financeira se têm vindo a adensar. Existe uma sobrecarga de informação no que diz respeito por exemplo à regulação local e europeia, à gestão de risco ou ao reporte de dados. As diretivas europeias são cada vez mais exigentes e, segundo um dos últimos relatórios da Cerulli Associates sobre o assunto, já são poucas as casas que conseguem suportar e ser capazes de fazer todas as tarefas por conta própria. 

Amit Popat, Partner da Mercer, na última apresentação da consultora em Lisboa, falou precisamente sobre o tema “Re-inventing your governance budget”. O especialista explicava que se o tradicional modelo de governance apresentava a entidade como protagonista na execução de todas as tarefas de decisão, implementação, supervisão e monitorização, hoje em dia o caso muda de figura. As instituições precisam de fazer uma melhor gestão do orçamento destinado ao governo das sociedades, dada a atual complexidade do sector.

Será que a tendência para externalizar serviços também se verifica ao nível das entidades portuguesas?

A realidade nacional caraterizada pela existência de um grande número de gestoras inseridas em grupos bancários, evidencia que, em primeiro lugar, e num contexto de normalização dos mercados, a tendência é de partilha de funções dentro das casas das quais fazem parte. Entre essas funções, as mais comuns são associadas às áreas de legal e compliance, reporte de operações ou contabilidade.

A confirmar esta tendência Pedro Mello e Castro, administrador da Banif Gestão de Activos, refere que têm vindo a internalizar tarefas e funções relacionadas com esse aumento de regulação e exigências por parte do mercado e da própria indústria. Além disso, considera que o estabelecimento de algumas parcerias pode encarecer a estrutura de custos das entidades, que ainda não estão nos níveis pré-crise.

Por outro lado, Francisco Oliveira Fernandes, membro da comissão executiva do Banco Carregosa, com o pelouro da gestão de ativos, confessa que “a adaptação às exigências da regulação, tem de facto, um impacto nos custos fixos, que deverá desencadear novos processos de concentração, um maior número de parcerias e o recurso crescente a soluções de outsourcing”.

No caso específico desta entidade, o profissional indica que as parcerias que estabelecem não acontecem “como reacção às dificuldades de um clima regulatório cada vez mais exigente, mas como uma estratégia assumida de manutenção de uma estrutura leve, de especialização nas nossas áreas de competência e da constante procura dos melhores produtos e soluções para responder às necessidades dos clientes”.

O especialista acrescenta que “no que diz respeito exclusivamente aos processos de investimento, como existe uma abordagem de plataforma aberta, recorremos naturalmente a produtos de terceiros para as propostas de alocação de activos, bem como, desde há muito, que desenvolvemos parcerias importantes com empresas especializadas em plataformas de negociação ou produção de research”.