EuroBic: Cenário para 2018 exige uma atuação baseada em "otimismo comedido"

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Vitor Duarte

Para 2018, a equipa de mercados de capitais do EuroBic afirma que as mudanças resultantes do novo enquadramento regulamentar são os desafios que procuram ultrapassar. Entre os maiores riscos estão o ritmo de normalização das políticas monetárias, as medidas tomadas antes dos midterms nos Estados Unidos e a evolução da euforia em torno das criptomoedas. 

O que esperam de cada uma das principais economias (EUA, Europa, China Japão) no ano de 2018?

A nível macroeconómico, aceitamos as estimativas do FMI feitas no seu último World Economic Outlook, em que prevê um crescimento global de 3,7% e que, a materializar-se, representará um valor superior ao que, aparentemente, terá sido registado em 2017. Se assim for, assistiremos à continuação de uma segunda leva de crescimento que se julgava esgotada após 2011. A China deverá acentuar o seu caminho de normalização, o Japão e a Zona Euro deverão assistir a um abrandamento do seu ritmo de crescimento e os Estados Unidos deverão beneficiar, sobretudo, do maior estímulo fiscal dos últimos 30 anos, que deverá impactar positivamente o seu PIB em mais de 20 bps.

Quais as classes de ativos melhor posicionadas para enfrentar o novo ano e que perspetivas têm para cada uma delas (obrigações, ações, imobiliário...).

2017 foi, olhando por vários prismas, um ano marcável para vários ativos de risco. O nosso ceticismo leva-nos a entrar em 2018 com a derradeira questão: o que poderá acontecer de melhor, num cenário que já prevê um aumento do ritmo do crescimento global, um risco político aparentemente conhecido e assumido, um sentimento de mercado benigno e uma atuação dos Bancos Centrais que, apesar de tudo, ainda é bastante acomodativa?

Se a isto juntarmos o facto dos mercados se encontrarem com avaliações historicamente elevadas, a nossa atuação terá que se basear sempre num otimismo comedido.

Nos mercados de ações questionamos as valorizações atuais que, com o encarecer das suas métricas, poderão estar vulneráveis a qualquer evento global. Mesmo que o ajustamento não aconteça de uma maneira brusca, não vemos espaço para expansão no nível de múltiplos. Nesta classe continuamos a ver razões para preferir Europa a Estados Unidos.

No Fixed Income olhamos com especial preocupação para os níveis atuais das yields, onde não vemos espaço para estreitamento adicional. O nosso pessimismo estende-se a governos e a corporates, com especial enfoque no High Yield.

Nas demais classes de ativos acreditamos que o Ouro, dado o diferencial entre o seu valor e o das classes de ativos de risco, continuará a fazer sentido para os perfis mais conservadores. Julgamos, ainda, que os níveis muito reduzidos de volatilidade poderão justificar, numa ótica de mean-reversion, uma pequena alocação a VIX.

Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê?

Os maiores riscos encontram-se: 1) no ritmo de normalização das políticas monetárias; 2) nas medidas a serem tomadas antes dos midterms nos Estados Unidos e nas consequências que se seguirão; 3) na evolução da euforia em torno das criptomoedas e nas implicações que esse sentimento venha a ter para o mercado em geral. Outros riscos como as eleições italianas, os desenvolvimentos na Catalunha, o Brexit e as várias tensões geopolíticas também merecem acompanhamento permanente.

Qual o fundo de investimento (obrigações, ações, misto) que recomendam para o ano de 2018 e porquê?

Fundo de ações: Kairos International Sicav - Pegasus UCITS, que é uma solução de investimento alternativo, em versão adaptada a UCITS, do Hedge Fund Kairos Pegasus Fund Ltd. O fundo é um equity long-short europeu que, talvez pelo facto da equipa de gestão ser italiana, tem tido uma exposição (gross) preferencial aos mercados periféricos. O facto de ter valorizado mais de 30% em 2017, sem um único mês negativo, deverá ser visto como uma validação do sucesso da estratégia.

Fundo de Obrigações: O Jupiter Dynamic Bond que, tendo uma abordagem flexível ao nível da duration, poderá funcionar favoravelmente no contexto atual. Numa ótica de maximização de rendimento (e sua distribuição), pensamos que o PIMCO Income Fund também se poderá enquadrar no perfil de alguns Clientes.

Fundo Misto: O Deutsche Concept Kaldemorgen é um fundo de retorno absoluto com enfoque na gestão de risco, com um "Maximum indicative loss" por ano de 10% e um target máximo de volatilidade anual de 10% (objetivo de 5%-8%). Desde a sua constituição em maio de 2011 apresenta uma performance acumulada superior a 40%. Este fundo conta com um processo de investimento bastante dinâmico, muito idêntico ao que seguimos no serviço de Gestão Discricionária de Carteiras do EuroBic.

Pergunta mais provocatória: Qual o objetivo que gostariam de ver concretizado em 2018, no trabalho que executam?

Ao nível dos desafios para 2018, ambicionamos ter uma adaptação suave às mudanças introduzidas pelo novo enquadramento regulamentar e acompanharemos, com muita curiosidade, a reconfiguração do posicionamento dos diversos players (reguladores, intermediários financeiros, clientes) neste novo cenário. Do ponto de vista interno, continuaremos a trabalhar para introduzir mais e melhores soluções ao nível dos produtos para poupança e investimento.