ETF de high yield são mote para um frente a frente entre Carl Icahn e Larry Fink

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Vasquez8101, flickr, Creative Commons

Os ETFs continuam com o seu imparável crescimento e o património sob gestão roça os três biliões de dólares. Apesar dos defensores dos fundos cotados destacarem a sua função como ferramenta de geração de liquidez, há quem considere que poderão estar a alimentar uma borbulha no mundo das obrigações, sobretudo naqueles segmentos menos líquidos, como a dívida high yield.

Um dos mais conhecidos detratores dos ETF de high yield é Carl Icahn, investidor ativista que não deixa ninguém indiferente com as suas intervenções e que protagonizou recentemente um frente a frente com Larry Fink, CEO da BlackRock.

Durante uma das sessões da conferencia Delivering Alpha, organizada anualmente pela cadeia norte-americana CNBC e a publicação Institutional Investor, Icahn criticou fortemente que gestoras como a BlackRock vendam ETF “que criam uma ilusão de liquidez para títulos extremamente ilíquidos e extremamente caros”, como as obrigações high yield, e afirmou que estes instrumentos se revelam de “extremo perigo”.

No entanto, Fink que já está habituado aos ataques de Icahn, defende que “agora mesmo, os ETFs contribuem mais para a transparência de preços do mercado obrigacionista do que qualquer outro instrumento uma vez que, para se poder negociar em qualquer momento do dia, é necessário contar com a valorização de cada obrigação atualizada ao minuto”.

 Na verdade, esta característica dos fundos cotados, cujo valor liquidativo se atualiza constantemente – de forma semelhante à cotação de uma ação e, em contraposição, às obrigações subjacentes, que se valorizam uma vez ao dia – é um dos aspectos mais apreciados pelos investidores, sobretudo em mercados muito amplos e menos líquidos, como o do high yield. Por isso são muitos, os que argumentam que estes instrumentos providenciam liquidez num mercado em que grande quantidade dos subjacentes não chega a ser negociada numa base diária.

Bombas relógio

Na opinião de Icahn, os ETFs de high yield são bombas relógio que poderão rebentar quando a Reserva Federal começar a subir as taxas de juro, algo que o consenso situa entre setembro e dezembro deste ano. O legendário ativista antecipa que os investidores irão vender para evitar as quedas nos preços das obrigações, “deixando os que investem em ETF de high yield sem compradores para os seus títulos”. Além disso, tendo em conta que vender as posições em ETFs é a forma mais fácil de reduzir a exposição ao sector, os preços destes instrumentos poderão cair muito mais rapidamente que os preços das obrigações subjacentes, ampliando as perdas.

Para Fink, contudo, não é motivo de preocupação as subidas das taxas de juro porque considera que as mesmas impulsionarão a procura pelo crédito.

É de assinalar que Icahn declarou publicamente que usa CDS para apostar contra o mercado high yield, pelo que os seus comentários poderão ‘ter em mente’ uma estratégia para gerar volatilidade e ganhar dinheiro com as quedas. Em qualquer caso, alguns observadores assinalam que os ETFs de obrigações representam menos de 1% do mercado mundial de obrigações, pelo que o impacto de qualquer queda será limitado.