"Estamos perante o melhor ano na história de subscrições líquidas em ETF"

A escassos meses do final do ano está claro que 2012 constitui um bom exercício para a indústria de ETF, com um crescimento global do volume entre Janeiro e Outubro de cerca de 21%. Isto deveu-se, por um lado, à revalorização dos activos subjacentes e, por outro, às fortes captações registadas no ano. Em ambos os casos, o programa 'Outright Monetary Transactions' (OMT) do BCE e a terceira ronda de flexibilização monetária da Fed parecem ter contribuído em muito. Relativamente aos fluxos de entrada, dos 182.000 milhões de dólares captados em 2012, 42% foram fruto do terceiro trimestre de 2012.

"Estamos perante o melhor ano de subscrições líquidas da história", assegura Iván Pascual, director de vendas da iShares para Iberia, que considera que o potencial para a indústria é enorme. "Ainda existe muito dinheiro à porta, aguardando para entrar", afirma. Nos Estados Unidos, a indústria de ETF representa cerca de 12% do volume total que há em fundos. Na Europa, esta percentagem diminui para metade. "O dinheiro dirige-se fundamentalmente para acções de países desenvolvidos, onde se destaca o mercado norte-americano que alcança, este ano, 33% de entradas líquidas".

Pascual também destaca a recuperação do apetite por acções de mercados emergentes. "A tendência indica que o investidor procura índices globais, sem renunciar a aposta directa em determinados mercados". 

Não obstante, segundo o responsável, a tendência mais marcante este ano é o crescimento do uso dos ETF para investir em obrigações. "Os ETF de obrigações perfazem cerca de 18% do total e esperamos que esta percentagem aumente durante os próximos anos. É uma tendência clara da indústria, sobretudo tendo em conta que o investidor tradicional de acções através de ETF se inclina agora para ETF sobre dívida", refere.

De facto, na Europa os ETF que mais captaram foram os ETF de obrigações corporativas. Neste sentido, Pascual destaca a boa recepção que tem tido o iShares Barclays Euro Corporate Ex Financial. "O investidor deixou a dívida pública e entrou na dívida corporativa". A nível global, no que refere ao investimento nesta classe de activos, 80% das subscrições líquidas corresponderam a ETF que replicam índices de obrigações 'investment grade' e 'high yield'. "Neste mercado, as obrigações negociam a 'spreads' cada vez mais amplos, enquanto que os ETF estão a ajudar a fixar os preços e fornecer liquidez".

Na opinião do director de vendas da iShares, os ETF constituem uma ferramenta de liquidez que proporciona, ainda, maior eficiência de custos. "30% dos gestores que utilizam ETF fazem-no como ferramenta de liquidez, uma vez que é um produto que se pode vender de maneira rápida e eficiente", explica. "O dinheiro que existe em ETF de obrigações corresponde a apenas 0,3% do total que existe em obrigações. Os investidores vão adoptando produtos de obrigações à medida que os vão conhecendo. O boca à boca funciona muito bem", assinala Iván Pascual. Assim, a BlackRock estima que o volume de ETF sobre obrigações se multiplique por seis nos próximos dez anos.

Por este motivo, da parte desta entidade reconhecem estar a trabalhar no sentido de ampliar a oferta de produtos à disposição do investidor. "A nossa estratégia passa por desenvolver e lançar para o mercado um grande número de produtos de obrigações para assegurarmos que cada tipo de investidor encontra aquilo que necessita. A ideia é oferecer produtos mais específicos, mais de nicho", reitera. A maneira como se estão a usar ETF está a mudar. "O investidor começa a utilizar estes produtos como veículo de investimento a longo prazo". De acordo com dados da gestora, 50% mantém o investimento durante mais de um ano, enquanto que uma em cada quatro pessoas permanecem investidos em ETF mais de dois anos.