"Esta semana vou estar de olho" ... nos spreads do mercado de high yield

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Bro. Jeffrey Pioquinto, SJ, Flickr, Creative Commons

(O primeiro "Esta semana semana vou estar de olho em..." é da autoria de António Serra, do Haitong Bank)

Depois de uma semana bastante difícil, com quedas fortes nos mercados de ações e o incremento substancial da volatilidade (principalmente nos mercados acionistas), na próxima semana os mercados financeiros deverão continuar eminentemente técnicos. Até porque na semana que acabou recebemos boas notícias que não impediram a derrocada dos ativos de risco: os dados macroeconómicos continuam pujantes nos principais blocos económicos e, por exemplo, na Alemanha, Merkel e Schulz chegaram a acordo para renovar a grande coligação.

A próxima semana vai ser parca em dados macroeconómicos (o único realce será talvez a inflação nos Estados Unidos, na quarta-feira). Com as recentes notícias de aumentos de salários nos Estados Unidos e, na semana passada, na Alemanha, há que estar atento. No entanto, haverá poucos discursos e reuniões de bancos centrais, com o mercado à espera do primeiro discurso no Congresso do novo presidente da Reserva Federal americana, Jerome Powell, que terá lugar apenas no final de fevereiro. Além disto, na Ásia os mercados deverão estar mais parados devido às festividades do ano novo chinês.

A verdade é que a turbulência da semana que agora finda se concentrou muito nos mercados de ações e o S&P500 já não tinha uma correção desta magnitude desde o verão de 2015, quando a China desvalorizou a moeda dando origem ao susto deflacionista de início de 2016. O VIX subiu para perto de 50%, mas o fly-to-quality foi limitado: as yields de dívida pública americana continuam perto dos máximos do ano (os mercados preocupam-se com o ressurgimento da inflação), os spreads de dívida de empresas investment grade pouco alargou e o dólar recuperou um pouco das perdas dos últimos meses. Por sua vez, no segmento de obrigações high yield, o alargamento de spreads foi razoável, mas ainda minúsculo face ao estreitamento dos últimos anos. Tendo em conta que, nestas fases, os fluxos de capitais são muito relevantes (e foram brutais para as classes de obrigações nos últimos anos), na próxima semana, mais do que olhar para o VIX e de como se desenrola esta correção dos mercados de ações, vou estar de olho nos spreads do mercado de High Yield, pois, caso esta fase por que passamos de facto se agudize, será o segmento de crédito mais vulnerável a próxima peça do dominó a cair.