Esta semana vou estar de olho no comportamento das obrigações Additional Tier 1

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Nuno Coimbra

(O 'Esta semana vou estar de olho em...' é da autoria de Francisco Amorim, Fund Selector - Fixed Income, do Millennium BCP - Wealth Management Unit)

O Banco Santander surpreendeu o mercado ao não exercer a primeira call da emissão AT1 (SANTAN 6.25%), levando a uma rápida reação do mercado pela negativa, com o preço da obrigação a cair após o comunicado. O banco referiu que a decisão foi tomada depois de ponderados os interesses de todos os investidores e que apenas irá exercer futuras calls quando for mais apropriado.  A obrigação poderá ser chamada de 3 em 3 meses nos próximos anos, mas irá pagar um cupão variável (Euro Swap Rate 5Y + Spread 5.41%) que nas condições de mercados atuais é inferior a 6.25%.

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Este tipo de instrumentos, normalmente sem data de maturidade definida, apresenta um carácter regulatório, e tem sido habitual os investidores ficarem na expectativa de uma call logo no primeiro “aviso”.  Neste caso em concreto, essa expectativa aumentou depois do Santander emitir uma obrigação AT1 em dólares poucas semanas antes.

Esse facto tornou a decisão ainda mais surpreendente e aumenta a incerteza relativamente a futuras emissões de AT1 do Santander uma vez que o mercado poderá exigir um prémio de risco adicional que reflita o risco de extensão de maturidade. Por outro lado, esta situação poderá dificultar o acesso de bancos europeus de menor dimensão a este mercado, traduzindo-se no aumento dos custos de financiamento.

Esta semana vou estar de olho nas emissões AT1 de bancos periféricos com call nos próximos meses:

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