"Escolhemos empresas cuja avaliação actual não reflecte o preço justo do potencial dessas empresas"

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A Funds People Portugal entrevistou Fiona English, gestora de carteiras da Pioneer Investments, no que refere à estratégia de investimento em acções europeias e aos dois produtos destacados pela gestora para esta classe de activos.

Como avalia o impacto da apreciação do euro nas empresas que têm como principal fonte de receita as suas exportações?

O processo de investimento é baseado numa visão da Pioneer em que uma abordagem do tipo ‘bottom-up’ na selecção de empresas é vital para uma ‘performance’ consistente e com o risco devidamente ajustado. Acreditamos que, enquanto os preços do mercado podem ser voláteis no curto prazo, a evolução do preço das acções da empresa, no longo prazo, tende a ser conduzida pelos seus fundamentais. Apesar disso, a selecção de activos é um factor chave para uma outperformance’ no longo prazo. Escolhemos empresas cuja avaliação actual não reflecte o preço justo do potencial dessas empresas.  

De que forma é feita a selecção das empresas? Tendem a seguir o ‘benchmark’ no que refere às posições em carteira no fundo?                                          

Escolhemos acções independentemente do seu peso no ‘benchmark’. Todas as posições são pesadas relativamente ao índice de referência e a sobreponderação em relação ao ‘benchmark’ é mais determinada pela nossa visão do potencial de subida de determinado ‘stock’ do que pela capitalização de mercado ou o peso que essa empresa tem no índice de referência.  

Prefere empresas que paguem dividendos ou que os reinvistam no negócio?

Geralmente, a nossa preferência vai para empresas que pagam dividendos, embora isso não seja uma condição necessária. Contudo, a maioria das empresas em carteira pagam dividendos em algum momento.  

Utilizam derivados para fazer, por exemplo, cobertura do risco cambial ou volatilidade?

O nosso uso de derivados é muito reduzido e tipicamente usamos estes instrumentos para fazer cobertura do risco cambial ou gerir a liquidez das carteiras.  

Considerando o fundo European Equity Target Income, como constroem a estratégia de opções de forma a obter um rendimento esperado de 7%? Considera este fundo uma boa alternative para portefólios mais defensivos?  

O European Equity Target Income poderá ser o produto adequado para clientes que pretendam uma exposição defensiva, com baixa volatilidade, ao mercado de acções. Esta baixa volatilidade não corresponde a baixos retornos mesmo num eventual ‘rally’ do mercado, o que é uma característica que deixará os potenciais investidores confortáveis. O nosso foco principal, neste fundo, é a gerar retorno, portanto, procuramos construir um portefólio composto por empresas de qualidade com um ‘dividend yield’ superior ao mais amplo do mercado accionista. Tentamos aumentar esse rendimento vendendo opções de ‘call’ sobre acções detidas em carteira. Geralmente dois terços do rendimento provêm do dividendo e um terço deriva do prémio das opções. Implementamos uma estratégia activa de opções recorrendo ao conhecimento tanto do nosso especialista em instrumentos derivados como do gestor responsável pela carteira. O nosso especialista em derivados centra-se nos prémios que conseguimos determinar, na liquidez do mercado de opções e na gestão do risco das opções de ‘call’ que detemos. Trabalha em conjunto com o gestor da carteira de forma a avaliar quais as acções sobre as quais devemos vender opções de ‘call’ (por exemplo, pode decidir não ter opções de ‘call’ sobre acções que julgue que irão ter um bom desempenho o que faria com as mesmas fossem exercidas), definindo também a quantidade de opções em carteira ou qualquer outro factor fundamental a ter em conta. O fundo é representativo de um enorme trabalho de equipa.  

Qual a rotação actual da carteira? Considera que um gestor de fundos tem que fazer mais alterações numa carteira, hoje em dia, do que noutro momento no passado, dado o cenário macroeconómico e politico que se vive na Europa? 

Em geral, definimos um horizonte de investimento entre os dois e três anos quando investimento numa empresa. Logo, a volatilidade do mercado no curto prazo é menos relevante. Olhamos para a qualidade das empresas que acreditamos que possam superar o mercado no médio prazo apesar dos desafios económicos da actualidade. Portanto, em vez de aumentarmos a rotação ou fazermos mais alterações aos títulos detidos, tentamos fazer uma selecção de acções de excelência. Como resultado, investimos em empresas com uma exposição global como a Swatch e a Publicis – ambas têm uma elevada percentagem das receitas a partir das economias emergentes. Também analisamos e temos em interesse em empresas que, embora tenham uma grande exposição a Europa, superam o mercado com aquilo que definimos como o “modelo certo de negócio” (Inditex e Ryanair são dois exemplos). No Pionneer Fund Top European Players, a rotação em 2012 foi de 55%. No caso do Pioneer Euroland Equity Fund esta já sobe para 165%. No entanto, isto reflecte mais a filosofia de investimento do portefólio (25% dos activos sob gestão estão em posições de oportunidade, isto é, com um horizonte de investimento entre os seis e nove meses, o que aumenta a rotação do produto) que o ambiente de mercado.