Emoções interferem nas decisões de investimento

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somegeekintn, Flickr, Creative Commons

 

Wei Xiong, professor de Economia da Universidade de Princeton, falou no 7º Congresso ANBIMA de Fundos de Investimentos sobre a interferência de emoções como a lealdade, patriotismo, excesso de confiança e até alterações climáticas nas decisões de investimento. “O sol da manhã influencia as pessoas, que tendem a prever se determinada acção vai subir ou não. Se o dia é feio, as pessoas não se sentem aptas a fazer isso”, referiu a título de exemplo.

As emoções distanciam as pessoas do que seria considerado o portefólio moderno de investimentos, segundo ele. O ideal é incluir na carteira investimentos em acções; segundo, é preciso diversificar os investimentos em acções para diluir os riscos; e, terceiro, é preciso investir pensando no longo prazo, independentemente das variações dos indicadores do dia a dia.

No entanto, de acordo com ele não é isso que acontece na prática, segundo apontam pesquisas das quais ele participou ou acompanhou na Universidade de Princeton. A emoção e o sentimento de lealdade são alguns dos motivos que complicam o investimento. Ele dá como exemplo os empregados de companhias americanas que investem seus recursos nas acções da própria empresa onde trabalham. Nos Estados Unidos, um terço dos fundos de pensões investe nas acções da própria empresa.

“Se a empresa não vai bem, não só eles podem perder o emprego, mas também o investimento. Isso é chocante para mim.” Além da lealdade, há a questão do patriotismo, que pode ser expresso tanto pelo investimento em companhias nacionais como pelo foco em aplicações no mercado accionista local, sem a aplicação de recursos em mercados acionistas de outros países. “Para ter maior diversificação, as pessoas têm que distribuir seus recursos ao redor do mundo. O Brasil é um país muito patriótico, mas em termos de diversificação isso não é muito bom”, afirma.

Outra peça pregada pelas emoções é o excesso de confiança dos indivíduos. Segundo o professor, as pessoas costumam ter uma avaliação muito boa de si próprias em relação aos outros. “90% das pessoas acreditam que estão acima da média. Isso pode ser visto até quando se vai fazer uma prova, e ocorre também nas negociações.” Em sua visão, a alta confiança pode explicar o elevado número de transações que os investidores pessoa física realizam. De acordo com Xiong, no entanto, quem faz mais transações perde dinheiro. Quem negocia menos, ganha mais, segundo estudo que analisou 70 mil contas de investidores no período de dez anos.

A capacidade limitada de atenção do investidor também foi abordada pelo professor como causa de erros de investimento. “Quando recebemos muitas informações sobre ativos não conseguimos processar informações e tomamos um atalho. A capacidade limitada para receber e processar informações tem implicações importantes.”

As pessoas também tendem a esperar que as experiências passadas se repitam no futuro, explica o professor, ao fazer uma analogia com os jogadores de basquete. “Acertar três cestas não diz nada sobre o seu próximo arremesso”, afirmou. Os investidores também fazem isso na bolsa ao escolher as ações. Eles têm a tendência de ficar com os vencedores recentes e se afastar dos que perderam, à espera que o movimento se repita, o que nem sempre acontece.