Emissão a 10 anos teve sucesso mas problemas do país mantêm-se

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Sébastien Bertrand, Flickr, Creative Commons

 

A emissão de dívida pública portuguesa a 10 anos foi considerada bem sucedida e um sinal positivo para o país, tendo sido colocados três mil milhões de euros a uma juro de 5,669%, com a procura a ser mais de três vezes superior à oferta, ultrapassando 10 mil milhões de euros.

“As indicações de procura significativamente acima da oferta representam um sinal de confiança dos investidores relativamente a Portugal, mas também à forma como as autoridades estão agora a lidar com a crise da Zona Euro”, disse Ricardo Almeida, da Patris Gestão de Activos, à Funds People Portugal. , referindo-se nomeadamente a “uma diferente postura” por parte do BCE.

Em comentários feitos antes de conhecidos os resultados detalhados da operação, tanto Ricardo Almeida, como Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, consideraram que a emissão “correu bem e teve êxito” e, sublinha o gestor de fundos da Patris, “demonstra a capacidade de Portugal de conseguir emitir dívida ao longo da curva, sinalizando para o mercado uma progressiva “independência” face ao programa de assistência internacional”.

Filipe Silva refere que o resultado da operação, “para quem acompanha este mercado não foi uma grande surpresa”, considerando como principal razão o facto de o BCE “segurar estes activos, quer aceitando-os como colateral para empréstimos, quer declarando que tudo fará para salvar o euro”, havendo também “um interesse de procura de rentabilidade”.

Apesar de considerarem bem sucedida a operação deixam alertas. O director a gestão de activos do Banco Carregosa diz que Portugal recuperou o acesso aos mercados mas que este “só vai durar enquanto os investidores quiserem”, salientando que “os problemas não mudaram e a situação financeira do país é pior hoje do que era há o ano: a dívida é maior e a riqueza produzida para a pagar é menor”.

Ricardo Almeida destaca que a economia nacional “continua a enfrentar uma forte recessão” e que “várias reformas terão ainda de ser implementadas, num momento em que o apoio ao programa de ajuste está claramente a diminuir”, alerta.

Procura ultrapassou 10 mil milhões de euros

Na conferência de apresentação dos resultados da operação, realizada ao final da tarde, Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro referiu que, “o empenho demonstrado na consolidação das finanças públicas” e a recuperação da “credibilidade e confiança junto dos mercados e parceiros internacionais permitiram esta colocação de dívida no mercado com juros significativamente mais baixos e com uma procura muito superior à oferta”.

Adiantou que a procura total dos investidores “ultrapassou os 10 mil milhões de euros”, tendo a participação dos estrangeiros atingido 86%, destacando ainda “o regresso de investidores tradicionais à dívida pública portuguesa, como sejam bancos centrais, fundos de pensões e companhias de seguros”, referiu. “Constituímos assim uma base de investidores sólida e equilibrada e abrimos perspetivas otimistas para novas colocações no futuro”, disse ainda a secretária de Estado.