EFAMA considera contraproducente uma proibição total das retrocessões

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Depois da publicação da MiFID II, cada país deve publicar as suas diretrizes sobre como adoptar a diretiva para a legislação local. O novo presidente da EFAMA, Alexander Schindler, (na foto), e o seu diretor geral, Peter De Proft, partilharam com a Funds People as suas opiniões sobre este processo durante o FundForum International celebrado no Mónaco. “É muito difícil saber como se implementará a MiFID II em cada país. Há um jogo de ping pong entre reguladores”, comenta Peter de Proft. “Na Europa (com a provável exceção da Holanda) a distribuição está concentrada nas redes bancárias. E estamos convictos de que isto continuará a ser assim. Esperamos a coexistência de serviços que permitam a cobrança de retrocessões com outros que dependam unicamente das comissões diretas ao cliente final. Não há nenhuma evidência de que o aconselhamento financeiro que tem por base a cobrança direta ao cliente oferece um melhor serviço do que o aconselhamento tradicional”, destaca Alexander Schindler.

Para o Presidente da EFAMA, a análise do que aconteceu no Reino Unido depois da implementação da RDR mostra que se deu uma maior concentração no negócio do aconselhamento, e que muitos clientes com escasso património ficaram sem acesso ao serviço. “Não era essa a intenção, mas há uma maior concentração dos consultores, e os investidores de retalho, sobretudo os que contam com poucos recursos, não receberão nenhum tipo de assessoria porque não podem pagar ou não estão dispostos a pagar o serviço. Isto é um assunto preocupante, olhando sobretudo para a tendência demográfica e para a necessidade de incentivar a poupança de longo prazo. Será contraproducente”, avisa.

“É um paradoxo. Procura-se mais transparência e qualidade no aconselhamento ao cliente de retalho, mas deixa-se muita gente sem acesso”, ratifica Peter de Proft. Para o diretor geral da EFAMA, é preocupante a diferença de tratamento que se dá aos fundos comparativamente com outros produtos financeiros, como por exemplo os seguros.

“Existe uma discriminação”, assegura. “Existem seguros que são totalmente opacos e, por outro lado, fundos totalmente transparentes. MiFID não se aplica aos seguros e o espírito de PRIPs não se cumpriu. Fala-se de transparência mas o ‘gap’ entre produtos amplia-se cada vez mais”, acrescenta.

Fundos Monetários

A EFAMA está confiante que vai chegar a uma “solução de compromisso” que seja satisfatória relativamente à implementação de fundos monetários na Europa. A nova presidência luxemburguesa do Conselho da UE parece disposta a considerar alternativas propostas pelo sector, embora o diálogo continue em marcha.

“Mantemos o diálogo discreto com a presidência do Luxemburgo e achamos que se vão abrir novas possibilidades para que os fundos monetários continuem a ser importantes e possam cumprir a sua função de financiar os bancos e empresas. Acreditamos que estamos próximos de um acordo durante os próximos seis meses”, assinala Peter De Proft.

Para a EFAMA, o diálogo permanente com políticos, supervisores e reguladores de toda a Europa constitui um trabalho fundamental. “Encontras reguladores e governos que acreditam que podem regular o seu mercado e o resto do mundo a partir do mercado local. Deve-se entender que a regulação não é apenas europeia, mas sim global. É um mundo interconectado. Um governo local apenas pode ter impacto muito limitado. Eles não gostam de ouvir isto, mas é um facto”, assinala De Proft.