É oficial: Wall Street já vive o seu maior bull market da história

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LendingMemo, Flickr, Creative Commons

Quando há três anos Donald Trump foi eleito, para surpresa de muitos, como presidente dos EUA, fê-lo com o mercado contra, já que para Wall Street era Hillary Clinton a candidata mais “market friendly”. Não obstante, na primeira sessão de Wall Street após se conhecer o novo presidente ficou logo claro que o mercado talvez se tivesse enganado. Ainda que essa sessão tenha começado com quedas, acabou com subidas e essas subidas mantiveram-se até ao dia de hoje. Tanto que a semana passada Wall Street voltou a negociar na zona de máximos enquanto se pode assumir que isto representa o maior bull market da sua história.

Em concreto, segundo dados que recolhe o Bank of America Merril Lynch, são 13 os bull markets que o S&P 500 protagonizou. O atual teve início a 9 de março de 2009 com o índice americano a negociar em níveis de 667 pontos e prolongou-se por 128 meses nos quais acumulou uma rentabilidade de 349%. Estes números implicam que, em duração, o atual bull market do S&P 500 seja o maior da história, ainda que em termos de revalorização continue a haver outro que o supera, protagonizado precisamente antes de estalar da bolha das ponto.com.

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As causas do rally são sobejamente conhecidas: crescimento económico impulsionado pelos bancos centrais e, também nos EUA, pela política levada a cabo pela Administração Trump, pela política monetária flexível que se caracterizou por vários programas de estímulos quantitativos, além de taxas de juro em níveis baixos. A dúvida agora é: quando é que este bull market vai ter um fim.

Atualmente, continuam a ser mais os especialistas que mantêm a sua aposta numa Wall Street mais em subida do que em descida, mas já nem tantos acreditam que o mercado americano continuará a comportar-se melhor do que o resto dos desenvolvidos no curto prazo. Sobretudo se a Fed de Jerome Powell optar pelo modo wait and see e deixar em stand by a sua política de descida de taxas, como o presidente deixou antever na última reunião da Fed. “Para quê administrar uma nova dose de medicamentos se não há sintomas evidentes? Deve perguntar-se o doutor Powell. Talvez porque o paciente é hipocondríaco?”, pergunta-se Olivier de Berranger, diretor da Gestão de Ativos da La Financière de l'Echiquier.

“Grande parte das notícias centraram-se nos novos máximos históricos para as ações americanas, mas poderá dizer-se que é mais importante que muitas ações mundiais também tenham alcançado novos máximos à medida que as regiões com menores rentabilidades também valorizaram. A Europa é uma das regiões onde vimos novos máximos do ano até à data. Uma narrativa europeia em subida parece estar a ganhar impulso após dois anos de baixa rentabilidade face aos Estados Unidos”, afirmam na gestora Franklin Templeton.

De facto, na semana passada viu-se algo curioso nos dados de fluxos de fundos que semanalmente publica o Bank of America. “Viu-se um ponto de inflexão na procura por ações americanas”, afirmam no banco. Ainda que os fundos de ações americanas tenham fechado a semana com subscrições de 1 000 milhões de dólares, as entradas de dinheiro em fundos de ações europeias e emergentes foram superiores ao acabar com subscrições líquidas de 1 300 milhões no caso da Europa (o melhor número em 87 semana) e de 1 400 milhões de dólares em emergentes (o melhor número em 37 semanas).