...e cinco razões para não perder a esperança na evolução do sector

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Uma combinação de um prémio de risco mais alto por manter um ativo e uma possível pressão sobre os lucros explicam porque é que o sector piorou a sua classificação até ao ponto de alguns analistas afirmarem que as cotações atuais estão a prever já uma recessão ou um cenário como o do Japão. Estes são elementos facilmente observáveis que o mercado está a prever. Não obstante, segundo Julien Eberhard, gestor de fundos de Obrigações e analista sénior de Crédito da Invesco, o cenário para o sector bancário europeu poderá não ser tão negativo.

Na sua opinião, os participantes do mercado podem estar a simplificar a forma como as políticas monetárias afetam a rentabilidade dos bancos e que as valorizações atuais podem impulsionar desenvolvimentos que ainda não estão previstos pelo mercado. O especialista dá as suas cinco razões que justificam a sua posição:

Em primeiro lugar, Eberhardt recorda que alguns mercados viveram durante muito tempo com taxas de juro negativas (Suíça, Dinamarca, Suécia) e a rentabilidade dos seus bancos resistiu bem. "Não se pode generalizar e dizer que taxas mais baixas equivalem a lucros mais baixos para todo o sector bancário no seu mercado ou modelo de negócio”.

Em segundo lugar refere que, na zona euro, o banco central reduziu o impacto das taxas negativas nas reservas dos bancos depositadas no banco central. 

Terceiro: na Europa, os bancos têm – na sua opinião - margem para baixar custos, para se centrar nas receitas por comissões e explorar uma consolidação local. “Alguns mercados ainda estão muito fragmentados. Os reguladores claramente estão a dar mais atenção aos modelos de negócio dos bancos enquanto falam da necessidade de consolidação. A digitalização é atualmente uma grande parte da base de custos dos bancos, mas a transição pode reduzir os custos para a indústria”.

Quarto motivo: ainda que não pareça ser o caso num futuro próximo, as expectativas sobre as taxas de juro podem mudar também. “Algumas das preocupações macro e políticas poderão dissipar-se no tempo. Os governos populistas poderão falhar e podemos ver o regresso de governos mais centristas (tal como se espera na Grécia)”, afirma.

Por último, o especialista refere que o sector bancário europeu negoceia atualmente a prever o impacto dos possíveis acontecimentos negativos, mas não prevê as decisões que se poderão tomar para aliviar estes impactos negativos. "Por esta razão, o sector oferece um perfil rentabilidade/risco atrativo. Tenho em mente três temas que julgo que oferecerão uma maior rentabilidade no tempo: bancos com uma rentabilidade por dividendo maior que os AT1 e com um desconto sobre o valor contabilístico tangível; histórias de reestruturação onde a gestão pode ter um impacto na rentabilidade operacional do banco independentemente do contexto; e potenciais fusões e aquisições".