Draghi deixou espaço para mais estímulos, e manteve o tom ‘dovish’

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European Parliament, Flickr, Creative Commons

Pode dizer-se que esta quinta feira o discurso de Mario Draghi não saiu muito fora do que era esperado, no pós reunião do BCE.

Para Marilyn Watson, head of global unconstrained product strategy da BlackRock, uma coisa fica certa depois de escutar as palavras do presidente do BCE: a instituição continua num ‘easing camp’.

Mario Draghi manteve a taxa de juro inalterada nos 0,05% - como já era esperado – bem como a taxa de juro dos depósitos nos -0,2%. Contudo foi acerca desta última que deixou “espaço” para alterações, referindo que “o Conselho do BCE discutiu um corte na taxa de depósitos”.

Essencialmente, a leitura que a profissional faz das palavras do presidente do BCE é de que “ele empreendeu, decididamente, um tom dovish e abriu espaço a uma possibilidade de alargamento do QE, ou a um corte das taxas depósito em dezembro”.

Um ponto crítico, sem dúvida, continua a ser o tema inflação, que em setembro caiu para -0,1%. Marilyn Watson lembra que “Draghi assinalou vários riscos descendentes nas perspetivas de inflação e crescimento da Zona Euro”, embora tivesse assegurado que “o BCE irá fazer o que for necessário para suportar inflação”.

Outra das “promessas” do encontro de ontem passou por “uma reavaliação da política monetária em dezembro”, embora já esta semana todos “os instrumentos tenham sido discutidos, sem qualquer clara preferência”.

Preferências: dívida portuguesa

Marilyn Watson deixou ainda algumas perspetivas sobre as preferências no que toca à dívida europeia. Referiu que por esta altura, na entidade, preferem dívida soberana portuguesa e eslovena, pois acreditam que “o processo de 'cicatrização' continua em curso nestas economias, existindo espaço para esse processo estar refletido nos spreads das obrigações”.