Dormência grega... mas por quanto tempo?

Finalmente algum alívio em relação à situação na Grécia. Depois de duras negociações, com um referendo pelo meio e com a população a votar contrariamente ao que os seus políticos se viram forçados a assinar, eis que a Europa mantém a Grécia debaixo da sua asa. Por muito ou pouco tempo essa é a incógnita agora, e o perdão parcial da dívida Grega é falado como algo que tem que acontecer mais tarde ou mais cedo.

A dívida Grega avaliada já em perto de 200% do PIB é insustentável e até o próprio FMI afirma que os Gregos necessitam de um período de carência de 30 anos.

A solução encontrada e que levou à assinatura do acordo, obriga os Gregos a fortes medidas de austeridade e o governo de Tsipras vai enfrentar forte contestação interna, quer dentro do próprio partido, quer da população que votou "não".

O Syriza traiu o povo que votou nele e nem a Europa nem a Grécia esperam que o terceiro resgate sirva de alguma coisa. A aprovação do segundo pacote de medidas de austeridade que irá permitir desbloquear o terceiro resgate foi aprovado com alguma abstenção e votos contra do Syriza (dos 149 deputados eleitos pelo Syriza, 36 votaram contra ou abstiveram-se). O terceiro resgate serve somente para ganhar tempo, e o problema voltará dentro em breve a ser o centro das atenções, sendo certo que a ideia de uma Europa unida está neste momento circunscrita a meia dúzia de cabeças quando deveria ser partilhada pelos muitos milhões, que estão neste momento encurralados em promessas políticas e em regras, regulações e normas, e sentem que a imaginação e a multiculturalidade típicas da Europa estão a desvanecer-se em prol de uma "economia" que retira cada vez mais soberania aos estados para a entregar a um poder cada vez menos oculto.

Com o aliviar da tensão sobre a Grécia, o mercado começa a olhar com mais pormenor para outros assuntos e o primeiro a ser levado em linha de conta é a possibilidade de uma subida de taxas nos Estados Unidos já em setembro. Não partilho de modo algum com essa ideia, e aponto dezembro/janeiro como o timing mais correcto para avançar com um novo ciclo em termos de política económica nos Estados Unidos.

A grande preocupação neste momento nos Estados Unidos é a falta de retoma do consumo, com as vendas a retalho em níveis de 2009. Apesar de uma melhoria no mercado de trabalho e da descida do preço da gasolina, os Americanos teimam em não aumentar o seu consumo. A estagnação dos salários justifica a falta de consumo e muito provavelmente, se os salários registarem uma subida, o consumidor Americano irá manter alguma prudência e será muito dificil voltar a níveis de consumo pré-crise.

(Imagem: johnskabardonis, Flickr, Creative Commons)