Dolat Capital: Os cenários de risco mais debatidos da atualidade representam oportunidades

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Apesar da instabilidade que se verificou nos mercados nos primeiros meses do ano, as perspetivas continuam a ser positivas para as principais economias mundiais no segundo semestre de 2018. A equipa da Dolat Capital acredita, contudo, que poderão existir riscos, embora considere que os verdadeiros riscos são aqueles cuja previsão ex-ante é difícil e de natureza idiossincrática. Estas são as perspetivas para os próximos seis meses do ano, segundo a visão da Dolat Capital. 

Para os Estados Unidos dividem as perspetivas em três planos: económico, corporativo e político. Quanto ao primeiro, consideram que "as perspetivas de crescimento para o resto do ano permanecem robustas, apesar da desaceleração exibida no primeiro trimestre". Esperam, assim, que o crescimento se situe "entre 2,6% e 2,8% em 2018, sustentado pela recuperação do consumo privado. A criação de novos empregos mantém-se sólida (média de 200,000 /mês) e a taxa de desemprego situa-se num patamar inferior a 4%". No ambito da política monetária, referem que "a Reserva Federal deverá manter a política de subida das taxas de juro, ainda que de forma gradual, antecipando-se incrementos para as reuniões de 25 de setembro e de 18 de dezembro. No entanto, a tendência de forte achatamento da curva de rendimentos entre os 2 e os 10 anos a que temos assistido, poderá ter o efeito de “condicionar” a Reserva Federal". 

Já no plano corporativo, a expectativa é de que "as taxas de incumprimento (Default Rates) no mercado de High Yield diminuam substancialmente ao longo dos próximos 12 meses, o que, historicamente, exibe uma elevada correlação negativa com o desempenho do Índice S&P 500". Por último, no plano político, destacam as eleições para o Senado e Câmara dos Representantes, que terão lugar a 6 de Novembro, que consideram que "irão abrir caminho a uma nova balança de poderes na política interna americana, especialmente confirmando-se uma vitória do partido democrático. Em segunda instância servirá de “sondagem real” à primeira metade do mandato de Donald Trump". 

Para a Europa, acreditam que "a Zona Euro deverá registar um crescimento mais moderado do que o atingido em 2017". Não obstante, consideram que, "mesmo apesar da recente desaceleração, os principais indicadores de atividade económica (nomeadamente PMIs e produção industrial) continuam elevados, não exibindo, por enquanto, sinais de final de ciclo". No que toca à política monetária, o Banco Central Europeu anunciou o fim do programa de QE no final de 2018, pelo que não são esperadas subidas nas taxas de juro até ao Verão de 2019.

Destacam, por outro lado, o novo quadro político em Itália, "que resultou na reavaliação negativa do risco de crédito (e político) de longo prazo. O impacto de 1ª ordem é o alargamento dos spreads da dívida soberana relativamente ao Bund. Sendo também notório o aumento do prémio de risco do setor financeiro e do mercado acionista em geral". 

Quanto ao contexto chinês, destacam o atual programa de desalavancagem gradual da economia, com o objetivo de prevenir a acumulação de riscos financeiros, sendo que "a redução do nível de crédito tem consequências, nomeadamente, uma dificuldade acrescida de financiamento por parte das pequenas empresas". Relativamente ao crescimento da economia, "este deverá ficar acima dos 6%, mas abaixo dos 6.9% exibidos em 2017", avançam. 

Já para o contexto japonês, a perspectiva é que a economia cresça entre 1% e 1,2%. Acreditam, por outro lado, que "a ligeira contração no primeiro trimestre do ano deveu-se, em parte, a uma queda do consumo doméstico, que deverá ser temporária". Quanto à política de estímulos fiscais, consideram que "está finalmente a gerar salários mais elevados (uma subida média de 2.5% em Março de 2018, em relação ao período homólogo)". A inflação, por seu turno, "está a acompanhar a subida dos salários, suportada também pela recente desvalorização do Iene face ao Dólar", dizem. Não obstante, defendem que "a inflação apenas se deverá aproximar do target de 2% do Banco Central do Japão no final de 2019, altura em que a política monetária começará a ser normalizada". 

Oportunidades nas diferentes classes de ativos

A Dolat Capital presta consultoria de investimento de natureza específica aos seus clientes, tendo por base, entre outras, o seu perfil de risco e objetivos financeiros.  Sublinhamos que as perspetivas infra não constituem recomendações nem consultoria de investimento. 

Em termos de perspectivas para as diferentes classes de ativos, começam por referir que, nos mercados de dívida, vêm valor em emergentes, sublinhando que "as obrigações em moeda forte apresentam, atualmente, taxas de rendimento semelhantes às obrigações em moeda local, pelo que constituem um ponto de entrada particularmente atrativo". 

Passando para o mercado acionista, destacam "alguns segmentos com métricas fundamentais (EV/EBITDA, forward P/E e FCFY) bastante atrativas e que oferecem “margens de segurança” robustas", tais como:

- Small e Mid Caps (Europa, EUA e Japão),  

- Auto & Parts (sobretudo na Europa e EUA),

- Energia (EUA, Europa).

Como instrumentos de cobertura de risco de natureza sistémica (“macro hedge”), destacam:

- Obrigações governo EUA indexadas à inflação (TIPS)

- Obrigações do governo Japonês. 

Principais riscos

Em termos de riscos para os próximos seis meses, defendem que "os cenários de risco mais debatidos da atualidade (como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ou a incerteza política em Itália) criam oportunidades e reiteramos que os verdadeiros riscos são aqueles de difícil previsão ex-ante e de natureza idiossincrática". Como exemplos referem "o efeito de contágio provocado pelo colapso de uma empresa (pública ou privada) estrutural na China, ou a incapacidade material de um estado soberano relevante em obter financiamento nos mercados de dívida".