Dois argumentos contrários para investir no Brasil

ChristopherPalmer
Cedida

O Brasil, que passou de promessa BRIC a fonte de preocupação devido ao abrandamento do seu crescimento e dos problemas persistentes relativos à inflação alta, tem brilhado no que toca às ações com um comportamento acima da média dos países da América Latina e também acima da média dos países emergentes desde agosto, como observa Chris Palmer, diretor de mercados emergentes globais da Henderson Global Investors.

Segundo publica a Funds People Espanha, o especialista deteta três catalisadores deste ressurgimento do mercado acionista brasileiro em particular e dos mercados emergentes em geral. O primeiro, a decisão da FED em não determinar uma data especifica para a conclusão do QE3, que “acabou com a especulação sobre um dólar mais forte e as moedas emergentes e os seus títulos mais fracos”, diz Palmer. “Isto levou a fortes subidas nas moedas locais e nas ações dos mercados emergentes, como o Brasil, Índia e Turquia, que sofrerão de massivas vendas durante o verão”, afirma.

Em particular, no Brasil, o responsável de mercados emergentes observa que a moeda brasileira (real) foi apoiada pela intervenção do Banco Central do Brasil, que manteve as maiores taxas de juros do mundo, situando-as nos 9,5%, no mercado de divisas.

A segunda justificação para a recuperação do Bovespa vem da China, através da melhoria dos seus dados económicos, o que pressupõe um apoio para os países que têm laços de exportação com o gigante asiático, como é caso do Brasil.

Já o terceiro catalisador é detetado na própria economia brasileira, segundo Palmer. A economia brasileira “começou a mostrar os primeiros sinais de estabilização”. Cita, por exemplo, a melhoria das vendas no retalho e ainda o aumento do preços do ferro, que tem apoiado as empresas relacionadas com esta matéria-prima.

Apesar do especialista da Henderson achar que o Brasil cresceu menos do que o esperado e que o governo da presidente Dilma Rousseff continua "teimosamente intervencionista”, observa que é provável que dois dos três "motores" que têm suportado o país nos últimos meses se mantenham estáveis num futuro próximo. Infelizmente, são os dois externos: que FED continue a atrasar o desmantelamento do QE3 e que se continuem a publicar melhores dados macroeconómicos na China. “Além disso, o posicionamento dos investidores no Brasil ainda é ligeiro e é provável que qualquer melhoria marginal no sentimento do mercado possa levar a fortes movimentos nos preços da ações”, afirma Palmer.

Com base nesse raciocínio, Chris Palmer centra a sua previsão na seguinte hipótese: “O caso contrário do Brasil está baseado nas suas valorizações comparativamente mais baixas e na sensibilidade a qualquer melhoria cíclica nas economias dos seus principais parceiros mundiais, como a China e os Estados Unidos".