Diminuição do 'rating' de França não surpreende

A redução da qualificação creditícia não foi algo inesperado, tendo em conta as perspectivas para a economia francesa durante o próximo ano e os numerosos obstáculos enfrentados pela República de França. A iniciativa de reduzir a idade da reforma, por exemplo, não é algo que ajude à dinâmica de dívida do país no longo prazo. No próximo ano, o país registará uma baixa da taxa de crescimento e actualmente encontra-se atrasado na introdução de reforma estruturais, que já estão a ser adoptadas em países como Portugal ou Espanha.

A baixa da notação de 'rating' teve um impacto menor no mercado e a rendibilidade das obrigações soberanas de França ainda negociam a preços aproximados ao das 'bunds' alemãs. Na nossa opinião, trata-se de um problema dos bancos centrais, que necessitam, no curto prazo, comprar activos denominados em euros. Normalmente comprariam obrigações alemãs, mas estas oferecem, actualmente, negativas ou praticamente negativas. Entretanto, outros mercados obrigacionistas como o finlandês, o austríaco e o holandês não são considerados mercados suficientemente grandes, pelo que, para substituição, os bancos centrais estão a utilizar as obrigações francesas como alternativa às alemãs".