Dez conselhos para suportar este período de volatilidade

cinto
Liis Klammer, Flickr, Creative Commons

“Quando o adversário se expande, eu contraio-me. Quando ele se contrai, eu expando-me. E quando há uma oportunidade, eu não ataco; o golpe acontece por si mesmo”. Esta frase é uma das mais célebres do lutador de artes marciais Bruce Lee, mas se for transposta para o terreno do investimento pode servir como aproximação aos mercados em períodos de forte volatilidade.

É neste sentido que “aparecem” a lista de dez conselhos dados por especialistas da Fidelity International para poderem navegar livremente pelas turbulentas águas do investimento em períodos de aumentos de volatilidade, como é o caso do atual. Citando uma vez mais Bruce Lee: “Be water, my friend”. 

1.     É normal que haja volatilidade

De tempos a tempos acontecem fases de volatilidade nas bolsas à medida que os investidores vão reagindo às mudanças económicas, políticas e empresariais. A mentalidade com a qual se enfrenta estas mudanças é chave. “Quando estamos desde início preparados para sofrer episódios de volatilidade na evolução dos nossos investimentos, menos provável é que sejamos surpreendidos quando ocorrem efectivamente, e maior é a probabilidade de se reagir racionalmente”, indicam da gestora.  Por isso, este é o conselho dos especialistas: aceitar a volatilidade “como mais um elemento dos investimentos”, para que os investidores estejam preparados “para ver as coisas cerebralmente e continuem centrados nos seus objetivos de investimento de longo prazo”. 

2.     Faça uma revisão da equação rentabilidade/risco

Da gestora recordam adicionalmente que, quanto maior é o risco assumido, maior é a margem de recompensa, que aparecerá sob a forma de maiores rentabilidades médias a longo prazo. Por isso, os investidores devem estar conscientes de que risco não é o mesmo do que volatilidade: “As cotações dos ativos flutuam mais do que o seu valor intrínseco quando os mercados reagem excessiva ou insuficientemente, pelo que os investidores podem esperar que a volatilidade dos preços gere oportunidades”, indicam a esse nível. Finalmente, destacam que, historicamente, as ações têm conseguido superar outro tipos de investimentos em termos reais (depois da inflação).

3.     As correções podem gerar oportunidades

Partindo da ideia de normalidade (é normal que aconteçam correções durante os bull markets e que aconteça mais do que uma no decorrer de um bull market), da Fidelity constatam que “uma correção de mercado pode ser, muitas vezes, um bom momento para investir em ações, já que as valorizações se tornam mais atrativas, e isso dá aos investidores a possibilidade de gerar rentabilidades superiores à média quando o mercado recupera”.

4.     Não sair e entrar nos investimentos

O pior que se pode fazer durante uma fase de vendas é tentar cronometrar o mercado. “Quando os investidores tentam acertar nos tempos de mercado e entram e saem dos seus investimentos, correm o risco de corroer as rentabilidades futuras, já que se podem perder os dias de maior recuperação do mercado e as oportunidades de compra mais atrativas que geralmente aparecem em fases de volatilidade”, resumem da entidade.

5.     Acumular os lucros gerados pelos investidores regulares

Outro conselho importante é manter o equilíbrio, com a independência do horizonte temporal, investindo de forma regular uma quantidade de dinheiro num determinado fundo. “Este enfoque é conhecido pelo termo 'custo médio ponderado'. Apesar de não ficar assegurado um lucro, nem se ficar protegido face a quedas nos mercados, esta ideia ajuda os investidores a evitar investir apenas num único momento, o que reduz o custo médio das subscrições nos seus fundos”, resumem da gestora. Para além disso, os especialistas observam que “embora a poupança periódica durante um mercado em queda possa parecer algo sem lógica para os investidores que procuram limitar as suas perdas, é precisamente nesses momentos que se podem conseguir algumas das melhores rentabilidades, já que os preços dos ativos são mais baixos e beneficiarão de uma recuperação do mercado”.

6. Diversificar

Nunca se deve perder de vista, e muito menos em períodos de grande volatilidade, que os investidores podem (e devem) distribuir o seu dinheiro por diferentes áreas do mercado para reduzir a probabilidade de concentrar as suas perdas. Como diversificar pode não ser uma tarefa fácil, especialmente para os leigos nesta matéria, da Fidelity indicam como antídoto a escolha de um fundo multi-ativo de gestão ativa, porque oferece uma carteira que está diversificada. Outra opção pode ser a distribuição dos investimentos por diversos países para ajudar a reduzir as correlações dentro de uma carteira e reduzir o efeito dos riscos específicos dos mercados.

7. À caça dos dividendos

As ações de qualidade, de empresas que geram fluxos de caixa e que destinam uma parte desse dinheiro para os dividendos também pode ser "um bom remédio" em fases de volatilidade, já que podem oferecer uma fonte de rendimento regular quando as taxas de juro são baixas, e quando existem poucas alternativas disponíveis para conseguir rendimentos. “Os títulos de alta qualidade que pagam dividendos são de marcas líderes mundiais que podem registar uma evolução estável ao longo dos ciclos empresarias, graças às suas sólidas posições competitivas, ao seu poder de fixação de preços e à força dos seus lucros. Estas empresas geralmente operam em grandes regiões, o que suaviza os efeitos derivados de um resultado mais baixo numa região”, afirmam da entidade.

8. Reinvestir os rendimentos para aumentar a rendibilidade total

“O reinvestimento de dividendos pode dar um impulso considerável às rendibilidade totais ao longo do tempo, graças ao poder de capitalização. Para conseguir uma rendibilidade total atrativa, os investidores devem ser disciplinados e pacientes e, nesse sentido, permanecer algum tempo no mercado (sendo este um dos ingredientes mais importantes, mas também dos mais subestimados)”, indicam da Fidelity. Neste sentido, o pagamento de dividendos periódicos também deve proporcionar uma maior estabilidade das cotações e as empresas que pagam dividendos podem compensar os efeitos corrosivos da inflação.

9. Não se deve deixar influenciar pelo tom geral do mercado

Este conselho consiste, basicamente, em não deixar-se levar pelas modas de mercado: “à medida que os riscos específicos dos diferentes países e dos sectores se tornem mais evidentes, os investidores têm de adoptar um foco mais selectivo”, sublinam da gestora. Os investidores não podem ignorar o facto de existirem grandes oportunidaes individuais.  “O ponto-chave é não permitir que a euforia ou o pessimismo infundado do mercado distorçam o julgamento do investidor”, sentenciam os profissionais da Fidelity.

10. Valorize os benefícios do investimento ativo

Da gestora incentivam os investidores a adotar uma abordagem mais ativa, por diversas razões que expõem de seguida: “Em todas as bolsas existem empresas que são mal geridas ou que apresentam perspetivas difíceis. Essas empresas podem ser evitadas por completo em estratégias ativas, em benefício dos investidores. Além disso, o valor acrescentado proveniente de evitar as piores empresas do mercado vai-se acumulando ao longo dos ciclos, o que faz com que estas estratégias ativas baseadas na análise sejam mais atrativas para os investidores a longo prazo”.