Destacada tendência de queda nas taxas na emissão de dívida

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Sébastien Bertrand, Flickr, Creative Commons

 

Portugal colocou ontem no mercado bilhetes do Tesouro com maturidades a seis e a 12 meses, num total de 1.750 milhões de euros, mantendo-se o nível da procura e a tendência de decréscimo nas taxas a que o país se financia em maturidades mais curtas.

“Os dois leilões correram bem e as taxas desceram de acordo com as praticadas no mercado secundário”, com a procura “dentro da média”, refere Filipe Silva, director da Gestão de Activos do Banco Carregosa, sublinhando que, depois da emissão de 10 anos “bem sucedida eram normal que estes leilões decorressem dentro da normalidade”.

Miguel Moser, ‘managing partner’ da Timeless Capital, considera que os juros aos quais Portugal conseguiu financiar-se “são muito interessantes” e destaca que, “nos últimos meses tem-se acentuado a tendência de queda das taxas exigidas pelo mercado”. Algo também destacado por Pedro Ortigão Correia, 'managing partner' da ASK, que considera que tal é "o "prémio" do mercado a um muito maior rigor na gestão das contas públicas, dado que as boas intenções do BCE por si só, não seriam nunca condição suficientes".

No leilão a seis meses (maturidade em 22 de Novembro de 2013) foram colocados 500 milhões de euros, a uma taxa de 0,81%, com a procura a superar 1,8 vezes a oferta. No de 12 meses (maturidade em Maio de 2014), o montante colocado foi de 1.250 milhões de euros, a uma taxa de 1,232% e a procura a ser 2,2 vezes superior à oferta.  Filipe Silva destaca o facto de, este leilão, ter tido “a taxa mais baixa do ano. Até aqui tinha sido de 1,27% em Fevereiro. Face ao último leilão, a queda foi ainda mais acentuada, descendo dos 1,394%” do realizado em Abril.

Apesar desta tendência, e de para a República Portuguesa estas taxas serem “relativamente baixas”,  o director da gestão de activos do Banco Carregosa sublinha que, “se olharmos para a Alemanha, que paga 1,3% a 10 anos, ou para a França, que paga 1,8% a 10 anos, percebe-se a diferença nos custos de financiamento destes países”, ou seja, a Alemanha paga a 10 anos o que Portugal paga para se financiar a um ano, refere.

Analisando também o resultado dos últimos leilões, Miguel Moser questiona-se até onde poderá manter-se esta tendência tendo em conta a situação actual do país. “Se por um lado estamos a conseguir melhorar o perfil de risco da nossa dívida aos olhos dos investidores estrangeiros, por outro interrogo-me até onde pode ir este movimento, pois apesar de todas as reformas recentes estamos ainda longe de conseguir conter o processo de acumulação de dívida pública e de poder voltar a ver a economia crescer de forma sustentada”, afirma o ‘managing partner’ da Timeless Capital, à Funds People Portugal.

Pedro Ortigão Correia salienta, ainda, que "este é apenas o primeiro km de uma maratona que agora começa; avizinham-se nos 10 anos pós-troika uma média de 17.000 milhões por ano a refinanciar sozinhos", lembra.