Depois do Brexit: como reposicionar as carteiras?

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Svenstorm, Flickr, Creative Commons

O resultado do referendo atrapalhou os planos de muitos investidores no que diz respeito ao seu reposicionamento para o verão. São cada vez mais os que estão a fazer mudanças na sua alocação de ativos. Na sua maioria estão a posicionar-se para reduzir o risco das carteiras. É o que pensa Aitor Jauregui, responsável de desenvolvimento de negócio da BlackRock para Ibéria, que revela que os investidores estão a voltar a olhar para os ativos refúgio, como o ouro, através de fundos. Não é a única tendência de que se aperceberam. Segundo explica, os investidores também procuram ativos que os protejam dos altos e baixos do mercado. Jauregui detectou um maior interesse dos investidores pelos alternativos líquidos que ofereçam descorrelação com o mercado, observando ainda fluxos para produtos de obrigações curto prazo que centrem o seu universo de investimento nos Estados Unidos e na Europa, principalmente. A tendência percebida por Íñigo Escudero, diretor de Vendas e de Serviço ao Cliente da Invesco para Ibéria e América Latina, é coincidente.

“Não estamos a observar um movimento drástico no posicionamento global, mas sim ligeiros ajustes na procura de ativos que resistem melhor aos períodos de volatilidade. Temos visto um significativo interesse por fundos descorrelacionados com as classes de ativos tradicionais. A aposta por ativos mais seguros também se tem refletido na maior procura de fundos de obrigações no curto prazo. Por outro lado, aqueles investidores que procuram um pouco mais de risco apostam nas ações europeias, já que são as que apresentam as valorizações mais atrativas entre os grandes mercados. Para além disso, o castigo que sofreram na passada sexta-feira provocou uma maior descida dos preços desta classe de ativos. É claro que nestes momentos de incerteza procuram produtos com menor volatilidade do que o mercado. Em todo o caso é importante destacar que não se produziu uma reação de pânico dos investidores, embora se tenha experimentado um aumento na procura de informação por parte dos clientes”, afirma Escudero. Todas as entidades são coincidentes nesse ponto.

O terceiro ponto importante está a ser o interesse que as estratégias alternativas estão a ter. O peso que os investidores estão a dar a estes produtos nas suas carteiras está a aumentar e isso já está a ser notado pelas gestoras. “Os fundos alternativos multiestratégia com liquidez diária continuam a oferecer proteção de capital, e graças à sua diversificação geográfica e estratégica permitem aproveitar os comportamentos irracionais dos mercados que são mais numerosos em situações de máxima incerteza como a atual”, sublinha Ramón Pereira, diretor geral da Franklin Templeton para Ibéria. Este concorda com o que é referido por Lucía Gutiérrez-Mellado, subdiretora de Estratégia de J.P. Morgan AM para Ibéria. “Os investidores procuram estratégias descorrelacionadas com os produtos que têm em carteira. A procura de informação neste sentido tem-se intensificado e os fundos mistos alternativos são os produtos que mais interesse estão a despertar”, reconhecia a especialista à Funds People.