DeAWM comenta situação do Banco Espírito Santo

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Crescentes preocupações sobre a saúde financeira do Grupo Espírito Santo, incluindo do Banco Espírito Santo (BES) tiveram um impacto negativo sobre os mercados de ações e de crédito ao longo dos últimos dias, bem como sobre os spreads de títulos de dívida pública da periferia da Zona Euro, refere o CIO do Deutsche Wealth & Asset Management num documento divulgado na manhã de ontem, dia em que o cenário de recuperação já deu alguns sinais de vida.

A volatilidade vigente no mercado foi causada, no entender da entidade, pelo incumprimento incorrido por parte de empresas do grupo, como a Rioforte à Portugal Telecom, perante o não pagamento na maturidade do papel comercial vendido à empresa de telecomunicações portuguesa. Pode ler-se no documento emitido pelo DeAWM que as exposições do banco ligadas ao Grupo Espírito Santo atingem um valor de mercado de 1,18 mil milhões euros.

Da gestora alemã continuam a ver uma melhoria económica moderada na periferia da Zona Euro com excedente nas contas correntes, uma situação fiscal mais “relaxada”, yields em níveis significativamente mais baixos e um sector bancário em processo de estabilização. Os próprios upgrades de rating refletem a melhoria na qualidade de crédito

Em termos de valor relativo e sob uma análise fundamental, diz o CIO do DeAWM, os títulos soberanos já não são baratos. O mercado já está numa fase mais avançada do rally. No entanto, dada a contínua busca por rendimento em combinação com política de estímulos por parte do BCE é expectável que o carry trade prevaleça por algum tempo. Acrescenta, ainda, que “a volatilidade pode aumentar dos atuais baixo níveis”. O mesmo se aplica para obrigações hipotecárias de emitentes da periferia. Consideramos que o evento BES representa um risco idiossincrático ao invés de um risco sistémico.

A reacção ao resto do mercado (e para a periferia especificamente) está a ser exacerbada pela baixa liquidez no mercado secundário. Embora o preço das ações do BES tenha registado quedas significativas, os spreads de Portugal e da Zona Euro já estreitaram dos seus máximos.

O Grupo Espírito Santo enfrenta graves problemas de corporate governance com uma estrutura de grupo complicada e pouco transparente”, sublinha o CIO no documento, afirmando além disso “que o que torna o caso muito sensível na nossa opinião é a venda por parte do BES de títulos da  Espirito Santo International (ESI), na ordem dos mil milhões, a clientes de retalho e institucionais, sendo estes títulos parcialmente garantidos pelo BES”. O CIO da gestora alemã acredita que, de uma forma ou de outra, haverá uma resolução e que numa leitura geral da situação não existem riscos efectivos de reemergência da crise nos países periféricos