Conservadorismo nos fundos de pensões nacionais em linha com a média europeia e o ISR no investimento para a reforma

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Castanias, Flickr, Creative Commons

A Mercer divulgou a 17ª edição do estudo “European Asset Allocation 2019”, estudo esse em que inquiriu 876 clientes investidores institucionais em 12 países, refletindo um total de ativos de cerca de um trilião de euros. Este estudo proporciona uma análise abrangente das estratégias de investimento do setor europeu de pensões, identificando tendências emergentes no comportamento do investidor institucional.  

Apesar de a principal conclusão destacada pela entidade consultora ser o reforço de uma tendência que tem sido marcante não só no universo de fundos de pensões como em todo o negócio de gestão de ativos: o investimento responsável. 

Sobre o posicionamento dos investidores institucionais nacionais em planos de pensões de benefício definido em comparação com a média europeia, fica patente o conhecido conservadorismo do aforrador nacional, muito embora com números muito próximos daquela que é a média europeia. A Bélgica destaca-se neste conjunto pela alocação média de 45% a ações patente nas carteiras médias dos inquiridos. Entrando em mais detalhe, os institucionais nacionais comunicaram uma alocação de 17% a ações domésticas e 7% a não domésticas, 4% a real estate e 5% a veículos de investimento alternativos. Tanto a alocação a ativos imobiliários e investimentos alternativos sobem face aos números de 2018, em que cada uma das classes de ativos representava 3% nas carteiras médias. 

 

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No que se refere à alocação da carteira de obrigações, o viés doméstico também está patente nos números divulgados, sendo que 94% dos ativos estão investidos em obrigações corporativas domésticas (22%) ou dívida pública portuguesa (72%). 

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Investimento socialmente responsável

A principal conclusão destacada pela Mercer passa pelo facto de a sustentabilidade estar a ganhar destaque entre os investidores institucionais europeus, sendo que 55% dos fundos de pensões consideram agora os riscos ambientais, de sustentabilidade e governance (ESG) nas suas decisões de investimento, acima dos 40% em 2018. Ao mesmo tempo que a regulamentação é identificada como a principal razão da inclusão do ESG nas tomadas de decisão de investimento, os fundos de pensões destacaram outros fatores que promovem o crescimento desta tendência. O relatório da Mercer revelou que 29% dos fundos (acima dos 25% em 2018) têm agora em conta os riscos ESG como resultado dos benefícios percecionados no que se refere ao risco e ao retorno dos seus investimentos. Por outro lado, 29% (acima dos 18% em 2018) referiram que o fazem para mitigar potenciais danos de reputação. Apenas 14% dos inquiridos referiu que as suas decisões estão a ser impulsionadas pelos desafios colocados pelas alterações climáticas (um pouco abaixo dos 17% em 2018). 

Rui Guerra, partner da entidade consultora referiu que “os temas ESG estão cada vez mais na agenda dos nossos clientes. A regulação europeia levou a um maior compromisso deste tópico e prevemos que continue no futuro, nomeadamente em Portugal. Os fundos de pensões que ainda não consideraram incorporar estes princípios nas suas políticas de investimento, deverão considerar fazê-lo num futuro próximo”.