Conseguir rendimento só com obrigações? Quatro ideias que propõe a TwentyFour (Vontobel AM)

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O lado mau de um ano tão bom como o de 2019 é que no ponto de partida de um novo exercício é difícil repetir a mesma jogada. Para Felipe Villarroel, gestor da TwentyFour AM (boutique da Vontobel AM), 2020 será um ano de carry, com pouca margem de valorização por parte dos spreads. “A gestão da volatilidade será a chave para manter um retorno positivo e proteger o capital, porque com spreads tão ajustados qualquer erro pode ser mortal”, recorda Villarroel, que recomenda maior liquidez que em pontos anteriores do ciclo económico.

Ainda assim, o gestor encontra ideias interessantes no espaço das obrigações. Estas são as quatro apostas que estão a levar a cabo no Vontobel Fund - TwentyFour Strategic Income Fund, fundo com Selo Funds People 2019 pela sua classificação de Favorito dos Analistas.

1. O prémio do Brexit continua vigente

Ainda que os mercados tenham tido tempo para digerir a notícia da rutura do Reino Unido e Europa, Villarroel defende que o prémio do Brexit continua a existir. Nota-o nos spreads de emissões em libras, que negoceiam acima de comparáveis de outros países como os Estados Unidos. Alguma parte é justificada, outra não.

O Brexit não vai gerar um problema de insolvência. Pode haver uma erosão das margens das empresas, no seu crescimento, mas os incumprimentos não vão disparar”, afirma. No fim de contas, é o que interessa ao investidor em obrigações. “Não vai haver stress no sector bancário britânico. O seu sistema bancário tem capacidade para absorver perdas e continuar a operar e dar liquidez”.

No fundo, estão a extrair o prémio em obrigações emitidas em libras, mas com a divisa coberta, e em emissões curtas.

2. Subordinadas financeiros de qualidade

Uma situação semelhante ocorre nas subordinadas financeiras. “Se olharmos além dos títulos, das quedas de margens e retornos sobre equity, veremos que parte da causa desta situação é na realidade positiva do ponto de vista creditício. Como detentor de obrigações gosto que um banco tenha excesso de capital e isso prejudica o retorno sobre a equity”, conta o gestor.

O estado de saúde do sector, da perspetiva das obrigações, é positiva. O capital está em máximos com pouco apetite pelo risco, liquidez ilimitada graças aos bancos centrais e uma forte regulação. Dentro da classe de ativos preferem assumir risco ao descer na escala de subordinação dentro de uma boa empresa.

3. CLO europeus

Os asset backed securities (ABS) é o terreno onde na TwentyFour se sentem mais cómodos; uma classe de ativos complexa que requer uma equipa especializada que consideram que têm na boutique.

Veem uma oportunidade concreta nos CLO europeus com rating BB face às emissões high yield BB. Como se pode ver no gráfico seguinte, o spread aumenta significativamente, mas mais pelo rally en high yield do que pelo medo da qualidade creditícia dos CLO, explica Villarroel.

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4. Emissões emergentes em moeda forte pelo seu valor relativo

Também se podem encontrar oportunidades no spread que se abriu no segmento high yield BB de mercados emergentes (em moeda forte) face aos seus comparáveis pelo rating nos Estados Unidos e na Europa. O gestor vê uma melhoria dos fundamentais no mercado, que dá uma base de alento para procurar ideias neste segmento.