Conheça os requisitos que um fundo deve cumprir para obter 5 estrelas Morningstar

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Glenn Carstens-Peters, Unsplash

Provavelmente não existirá um aspeto mais crítico na profissão do investidor profissional que a escolha dos ativos que devem compor uma carteira de investimentos. Entre entradas e saídas de títulos, balanceamento da alocação e gestão da exposição ao risco, toda a experiência e trabalho de análise prévios são cruciais. É aqui que os sistemas de rating de ativos financeiros exibem o seu valor, pois funcionam como auxiliares no difícil processo de tomada de decisão.

Um destes sistemas mais populares trata-se do Star Rating da Morningstar, cujo sucesso é facilmente compreensível. A sua configuração simples, que classifica títulos e fundos com um número de estrelas que pode ir de um a cinco, facilita a de leitura dos seus utilizadores, estando garantida a qualidade da informação por parte da conceituada casa de análise. Para qualquer fundo, as cinco estrelas não são somente sinal de reconhecimento por parte da entidade: são também sinónimo de uma maior exposição e, habitualmente, mais subscrições. Contudo, para uma estratégia chegar a este patamar, há que cumprir com um exigente conjunto de requisitos.

Quantitativo puro

Segundo a Morningstar, a metodologia do Star Rating não deixa margens para dúvidas: trata-se de um sistema puramente matemático que mostra em que medida os retornos passados do fundo compensaram os seus investidores face ao montante de risco assumido. Em suma, trata-se de uma medida de retorno ajustado ao risco (risk-adjusted return), tal como rácio de Sharpe mas mais intuitivo, de um fundo em relação a outros fundos e baseado em dados históricos. Não há espaço para subjetividades por parte dos analistas da Morningstar nem quaisquer fatores qualitativos – e a entidade faz questão de sublinhar este aspeto.

A avaliação do nível risco do fundo é feita com base na “teoria da utilidade esperada”, um método comum de análise económica. A teoria assume que o investidor está mais preocupado com um possível mau desempenho do que com um bom desempenho extraordinário, e que estes investidores estão dispostos a abdicar de uma pequena porção do retorno esperado de um investimento em troca de uma maior garantia.

Esta é a pedra basilar para o ajustamento do risco: de acordo com a variação mensal do retorno, um “risk penalty” é calculado e subtraído ao retorno total do fundo durante o período de rating definido. Quanto maior a variação, maior a penalização. De seguida, os fundos listados dentro da sua categoria Morningstar de acordo com esta medida de retorno ajustado ao risco e classificados com uma a cinco estrelas de acordo com a sua posição no ranking:

Posição na classificação Número de estrelas
Os 10% com melhor retorno ajustado ao risco ✩✩✩✩✩
Os próximos 22,5% ✩✩✩✩
Os 35% do meio ✩✩✩
Os próximos 22,5% ✩✩
Os 10% com pior classificação

Diferentes períodos, diferentes classificações

O cálculo das estrelas é feito numa base mensal e a atribuição das mesmas é feita com base em dados contínuos referentes a três períodos distintos: três, cinco e 10 anos. Isto significa que fundos com menos de três anos de existência não dispõem do mínimo de dados para figurar no rating da sua categoria, e por isso não são classificados. Já nos fundos com exatamente três anos de atividade, a classificação a três anos será igual à sua classificação geral. Para os restantes fundos, o peso da sua performance histórica no rating é calculado da seguinte forma:

Tempo de atividade do fundo Contribuição para o rating geral
> 3 anos, < 5 anos 100% rating a 3 anos
> 5 anos, < 10 anos

60% rating a 5 anos
40% rating a 3 anos

> 10 anos

50% rating a 10 anos
30% rating a 5 anos
20% rating a 3 anos

Caso um fundo mude de categoria Morningstar é dada menos importância ao seu histórico de desempenho a longo prazo com base na magnitude da alteração. Por exemplo, uma passagem de categoria mid-cap para large-cap é considerada menos impactante do que uma mudança de small-cap para large-cap.

Por fim, há que ter em conta que, ao serem classificados mediante o contexto da categoria onde se inserem, os fundos com o mesmo número de estrelas não são propriamente iguais ou permutáveis. Por exemplo, um fundo de cinco estrelas pode ter o melhor retorno ajustado ao risco numa categoria específica, e ao mesmo tempo ter um nível de risco mais elevado do que um fundo diversificado também com boa classificação.