Companhias de seguros e fundos de pensões abrandam investimento financeiro

A taxa de crescimento homóloga do investimento por sociedades de seguros e fundos de pensões apresentou uma redução no segundo trimestre, reflectindo “a tendência negativa observada no investimento das famílias em provisões técnicas de seguros”, revela o boletim mensal de Dezembro, do Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com o mesmo documento, a taxa de crescimento homóloga do investimento financeiro por sociedades de seguros e fundos de pensões caiu para 2,2% no período entre Março e Junho deste ano, tendo esta sido “a taxa de crescimento mais baixa desde 1999 e reflectiu as descidas no investimento das famílias em provisões técnicas de seguros desde o final de 2007”.

O relatório refere que, embora as participações em fundos de investimento “tenham continuado a dar o maior contributo para o investimento financeiro total por sociedades de seguros e fundos de pensões, a dimensão desse contributo diminuiu, à semelhança dos contributos por parte dos outros instrumentos”. Já o contributo do investimento financeiro em títulos de dívida “aumentou na sequência de uma taxa de crescimento homóloga acentuadamente mais elevada no segundo trimestre”.

Tal, sublinha o mesmo relatório, “poderá reflectir o facto de as sociedades de seguros e fundos de pensões terem transferido os amortecedores de liquidez acumulados no trimestre anterior, para instrumentos de rendimento fixo com rendibilidade mais elevada”.

No capítulo do investimento financeiro dos sectores não financeiros e investidores institucionais é referido ainda que os fundos de investimento registaram “entradas significativas” no último trimestre, “que se ficaram a dever quase exclusivamente ao investimento em fundos de obrigações, devido ao abrandamento das tensões nesses mercados”.

O relatório acrescenta que as entradas anuais em acções/unidades de participação em fundos de investimento (excluindo os de mercado monetário) “aumentaram consideravelmente, para se situarem em 171 mil milhões de euros no terceiro trimestre, o que compara com 47 mil milhões no trimestre anterior”, tendo a taxa de crescimento homóloga aumentado para 2,8%, de 0,7% no período entre Março e Junho.

Os fundos de obrigações deram o maior contributo, tendo havido também uma recuperação no investimento em fundos mistos, enquanto os de acções continuaram a registar saídas, assim como os de mercado monetário, devido aos “desafios económicos conjunturais enfrentados por esses fundos dado o nível reduzido das taxas de juro”.

Quanto às famílias, o abrandamento na acumulação de activos financeiros é resultado, “em larga medida,” de uma redução do rendimento disponível nominal. “As famílias reduziram as suas detenções de títulos de dívida e continuaram a desfazer-se das participações em fundos de investimento – um processo que teve início no início de 2011 e parece, com base nas estatísticas de fundos de investimento, ter prosseguido no terceiro trimestre deste ano (particularmente no que se refere a fundos de acções”, refere o relatório do BCE.