Como se estão a posicionar os investidores nos ETFs, depois do Brexit

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michaeljosh, Flickr, Creative Commons

A volatilidade trazida pelo inesperado Brexit, depois de dia 24 de junho, fez com que muitos investidores de ETFs repensassem as suas alocações da carteira. “Depois da volatilidade de mercado produzida pela incerteza que o Brexit gerou no mês de junho, os investidores aproveitaram as quedas de alguns mercados para assumir posições, sobretudo em índices europeus e americanos”, indica a esse nível Juan San Pío, responsável da Lyxor AM para Ibéria e América Latina.

Na verdade, da entidade puderam constatar que os fluxos para ETF no mercado europeu experimentaram um aumento moderado durante o ano passado, com a entrada de 3.500 milhões de euros. Desses, 2.100 milhões de euros dirigiram-se para ações, 1.300 para obrigações e 169 milhões para matérias primas. 

Os fluxos de entrada em ETF de ações experimentaram um fenomenal aumento na última semana de junho: entre o dia 24 e o dia 30 do mês, 1.200 milhões dirigiram-se a ETF de ações europeias. Estas subscrições colocaram fim à sequência de quatro meses consecutivos de resgates nesta classe de ativos, mas o que é facto é que as ações continuam a registar mais saídas do que entradas no balanço do primeiro semestre do ano (7.100 milhões de resgates). Paralelamente, os ETFs de ações norte-americanas receberam 713 milhões de euros no mesmo período de tempo (ver gráficos).

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Este movimento reflete a reativação da qualidade dos fundos cotados como ferramenta para posicionamento tático, numa altura em que cada vez mais investidores institucionais também lhes dão um uso mais estratégico para o longo prazo.

Da Lyxor também ressaltam que os ETF de Smart Beta registaram em junho fluxos record de 1.200 milhões de euros. Este segmento já acumula no ano mais subscrições – 4.400 milhões – do que em todo o ano de 2015. Os investidores optaram por refugiar-se sobretudo em estratégias de volatilidade mínima (507 milhões) e de investimento factorial (619 milhões) como uma forma de reduzir o risco presente nas suas carteiras.

A última tendência verificada no mês passado foi a do fluxo constante, embora desacelerado, em direção a ETFs de obrigações, que captaram 1.300 milhões de euros. A categoria mais popular entre os investidores tem sido a dos ETFs que investem em dívida corporativa investment grade (com captações de 1.400 milhões de euros), especialmente da Europa, visto que beneficiam do programa de aquisição de obrigações do BCE. Os investidores também usaram os fundos cotados para procurar um refúgio na dívida soberana norte-americana; o trajeto em direção à qualidade traduziu-se em 314 milhões de euros.

As outras duas categorias de obrigações que atraíram dinheiro foram a dívida soberana emergente (439 milhões), por causa da procura de rentabilidade, e a dívida ligada à inflação, especialmente a norte-americana por causa das expectativas de que aumente nos próximos meses o custo de vida nos EUA. “Os ETF de obrigações continuam a crescer, como têm vindo a fazer durante todo o ano, e são cada vez mais os investidores institucionais que apostam neste tipo de ETF e nas suas vantagens em termos de liquidez. Para além da liquidez do próprio subjacente, o mercado secundário fornece uma fonte adicional de liquidez relativamente ao investimento direto no subjacente”, explica San Pío.