Como é que o COVID-19 afetou a riqueza mundial

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Walt Stoneburner, Flickr, Creative Commons

O Credit Suisse publicou uma nova edição do seu Global Wealth Report no qual analisa a evolução da riqueza mundial em termos anuais. Embora este seja um relatório anual e os dados correspondam ao ano de 2019, nesta edição decidiram incluir informação sobre como variou essa riqueza nos primeiros meses do ano como consequência da irrupção do coronavírus nas nossas vidas.

Segundo os seus dados, o início da pandemia traduziu-se numa diminuição de 17,5 biliões de dólares na riqueza das famílias entre janeiro e março, cerca de 4,4%. No entanto, o aumento dos mercados de valores visto a partir do segundo trimestre do ano no calor das medidas extraordinárias anunciadas por bancos centrais e governos, leva os autores do relatório a ser otimistas relativamente ao impacto que se pode produzir no conjunto do ano de 2020. Sem a pandemia, a melhor estimativa da riqueza por adulto teria aumentado de 77.309 dólares no início do ano para 78.376 dólares no final de junho de 2020, mas a pandemia fez com que a riqueza média se reduzisse até 76.984 dólares, o que em termos percentuais implica uma queda de 0,4%.

Contudo, do banco preveem que a crise de COVID-19 impacte os níveis de crescimento da riqueza mundial mais além de 2020, em concreto para os próximos dois anos, no mínimo.

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Por regiões, a mais afetada foi a América Latina, onde as desvalorizações das moedas reforçaram as reduções do PIB, o que deu lugar a uma descida de 12,8% na riqueza total em dólares norte-americanos. A pandemia erradicou o crescimento esperado na América do Norte e causou perdas em todas as restantes regiões, exceto China e a Índia.

“Até à data, o impacto da pandemia na riqueza das famílias foi mínimo. No entanto, um menor crescimento económico temporário, juntamente com mudanças no comportamento das empresas e dos consumidores pode derivar numa perda de produção, instalações desnecessárias e mudanças setoriais que poderão criar obstáculos à acumulação de riqueza das famílias durante algum tempo. Estas perturbações da economia mundial levam-nos a crer que o crescimento da riqueza das famílias, no melhor dos casos, recuperar-se-á lentamente da pandemia ao longo de 2021. A situação dentro dos países está a mudar rapidamente e certamente acontecerão mais surpresas. Entre as principais economias, é provável que a China seja a clara vencedora”, afirma Nannette Hechler-Fayd’herbe, Chief Investment Officer International Wealth Management e Global Head of Economics & Research de Credit Suisse.

Se os dados têm sido de momento moderados deve-se ao facto das famílias a nível mundial enfrentarem a crise do coronavírus com uma boa situação herdada de 2019. Assim, no ano passado o número de milionários disparou em 2019 para 51,9 milhões em todo o mundo. No vértice da pirâmide da riqueza, o relatório estima que no princípio deste ano havia 175.690 adultos com elevado poder aquisitivo ( Ultra High Net Worth Individuals - UHNW) no mundo, com um património líquido superior aos 50 milhões de dólares. A quantidade total de adultos UHNW aumentou em 16.760 (11%), mas perderam-se 120 membros durante o primeiro semestre de 2020, situando o aumento líquido de pessoas UHNW em 16.640 desde o início de 2019.

Leia o relatório completo aqui.