Como é que a Morningstar determina se um fundo é growth ou value?

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The Devil in the Detail, Flickr, Creative Commons

Definir o estilo de investimento é um aspeto determinante. Embora as diferenças entre growth e value pareçam muito claras a nível teórico, na prática nem sempre é fácil distinguir o que é o quê.  Nem sequer existe unanimidade entre os gestores na hora de determinar que empresas são growth e quais são value.

Até há poucos anos a Morningstar calculava o estilo de investimento de um fundo em função de dois critérios fundamentais: o preço sobre os fluxos de caixa (mais estável do que o preço sobre os lucros) e o preço sobre o valor contabilístico. O novo modelo, implantado em 2004, tem em conta dez factores fundamentais: cinco que medem as caraterísticas de valor de cada título (o preço sobre os lucros estimados, o preço sobre o valor contabilístico, o preço sobre as vendas, o preço sobre o fluxo de caixa e a rentabilidade por dividendo), e cinco que medem as caraterísticas de crescimento de cada empresa (o crescimento futuro dos lucros, o crescimento histórico dos lucros, o crescimento das vendas, o crescimento do fluxo de caixa e o crescimento do valor contabilístico). O interessante deste novo método é que analisa tanto medidas históricas como medidas prospetivas, dando igual peso a cada uma delas. Estes dez rácios fundamentais calculam-se para cada um dos títulos da carteira tendo por base o consenso de mercado.

Procurando o centro de gravidade

Uma vez posicionado cada título em função do seu estilo de investimento (mas também consoante o seu tamanho), apresenta-se uma nuvem de pontos que representam uma imagem da carteira do fundo. Em seguida a Morningstar calcula o centro de gravidade desta nuvem de nove pontos de forma a obter o estilo do fundo. Se um fundo está posicionado numa das caixas que a Morningstar denomina de "Style Box" não significa que todos os títulos da carteira tenham esse mesmo estilo.

Tal como assinala Fernando Luque, editor financeiro da Morningstar em Espanha, o Style Box é a placa que aparece na ficha do fundo e que se subdivide em nove quadrados, cada um representativo de um estilo de gestão. Olhando para a placa vertical todos os fundos que se situam entre os três quadrados do lado direito são aqueles que  investem preferencialmente em títulos de crescimento; os que se situam nos quadrados da esquerda são os fundos que têm as suas carteiras investidas principalmente em ações denominadas de valor e, finalmente, as que se situam nos quadrados centrais são as de estilo misto (também designado de blend).

A Morningstar baseia-se exclusivamente na carteira real do fundo. Não só olha para uma carteira num determinado momento para decidir que “x” fundo tem “x” estilo de gestão, mas examina também diferentes carteiras ao longo do tempo para comprovar que o gestor efetivamente se restringiu a um mesmo estilo de gestão durante esse período. No caso do gestor saltar continuamente de um estilo para o outro, o fundo não é catalogado e, consequentemente, não aparece a sua caixa de estilo. Também se pode dar o caso do estilo de gestão indicado no ‘style box’ não coincidir com o estilo anunciado pela entidade gestora, ou nem sequer com o que é sugerido pelo nome do fundo.