Como construir uma carteira que continue a gerar rendimento com baixa correlação de ativos: dois casos práticos

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analogg, Flickr, Creative Commons

Num contexto de volatilidade crescente e baixa rentabilidade, é cada vez mais necessário recorrer à diversificação como um meio para proteger a carteira e ao mesmo tempo poder gerar alfa. Importa perguntar, portanto: Como conseguir uma carteira descorrelacionada que para além disso proporcione um rendimento atrativo? Os especialistas do Deutsche AWM analisam no relatório “O desafio da rentabilidade” as correlações entre distintos ativos durante o período de março de 2007 a junho de 2015 e indicam que realmente foi possível encontrar durante estes anos “interessantes oportunidades para a diversificação da carteira utilizando distintas classes de ativos high yield”. Por exemplo, destacam a correlação negativa ou ligeiramente positiva dos índices de obrigações corporativas europeias e dívida soberana europeia relativamente aos índices de ações com alta rentabilidade por dividendo, entre índices de obrigações corporativas face às obrigações soberanas ou de baixa correlação, e ainda entre os índices high yield relativamente aos de ações de alto dividendo e dívida corporativa líquida (ver tabela em baixo).

 

Ações Alto dividendo

Real estate

Dívida Soberana da Zona Euro

Obrigações corporativas europeias

HIgh Yield Europeu

iTraxx Europe

Infraestrutura

Ações Alto dividendo

100%

78%

0%

1%

49%

54%

68%

Real Estate

78%

100%

4%

-3%

52%

65%

87%

Dívida soberana da Zona Euro

0%

4%

100%

30%

8%

27%

9%

Obrigações corporativas europeias

1%

-3%

30%

100%

37%

-7%

-5%

High yield europeu

19%

52%

8%

37%

100%

51%

50%

iTraxx Europe

54%

65%

27%

-7%

51%

100%

66%

Infraestrutura

68%

87%

9%

-5%

50%

66%

100%

Fonte: Deutsche AWM

Em seguida, os especialistas da gestora fornecem duas carteiras modelo que podem gerar retornos separados de 3% e 4%, segundo o perfil de risco do investidor... investindo de forma passiva. Assim, o que propõem é um jogo de ponderações em distintos índices com baixa correlação entre si – aplicando a Teoria Moderna de Carteiras de Markowitz – que se podem replicar via ETF e que pode consultar no gráfico em baixo. No caso da carteira defensiva, os níveis de volatilidade (tomando como referência o período 2007-2015) é de 5,3%, face aos 10,9% da carteira mais agressiva.

A conclusão do estudo é que “embora as taxas de juro e a rentabilidade por dividendo estejam em mínimos ou próximas de mínimos históricos em muitos mercados, ainda há algumas oportunidades de geração de rendimentos para os investidores que queiram tomar algum risco adicional”. Com o caminho das carteiras modelo, os especialistas do Deutsche AWM pretendem demonstrar que “embora as oportunidades de receber um rendimento superior impliquem inevitavelmente um risco mais elevado, este risco pode ser mitigado graças a uma abordagem cross-asset na construção da carteira”. Desta forma, usando as baixas correlações históricas entre distintas classes de ativos, pode-se chegar a uma carteira gerida passivamente, que possa oferecer uma rentabilidade similar à dos depósitos do ano passado.