Colocação de produtos financeiros complexos caiu em 2017

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No relatório anual sobre os Mercados de Valores Mobiliários relativo a 2017, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários revela que a colocação de Produtos Financeiros Complexos (PFC) em Portugal voltou a cair. Por outro lado, verificou-se um aumento do peso relativo dos PFC com capital garantido para perto dos 40%.

Sobre as causas para esta evolução, a CMVM acredita que esta “não pode ser dissociada do default dos títulos da Portugal Telecom International Finance (PTIF), que se constituíam como ativo subjacente de vários PFC, designadamente credit linked notes”. Outro dos factores mencionados pelo regulador é a determinação, por parte da ISDA no terceiro trimestre de 2016, de um valor de recuperação de 20% para os títulos da PTIF. Este evento “levou a que os investidores perdessem, pelo menos, quatro em cada cinco euros investidos em diversos PFC que tinham obrigações da PTIF como subjacente”, pode ler-se no relatório. Assim, de acordo com a CMVM, a confiança dos investidores terá sido prejudicada por esta perda, levando à diminuição da procura destes produtos, e pressionando os emitentes a ajustar a oferta para produtos de menor risco.

Outra das conclusões presentes no relatório tem que ver com o tipo de alerta incluído nos documentos informativos dos PFC emitidos em 2017. Segundo a CMVM, “assistiu-se ao adensamento do número de produtos emitidos nas extremidades dos níveis de alerta de risco”. De facto, e tendo em conta a alteração das características de remuneração, verificou-se um crescimento tanto do número de PFC com alerta verde, como do seu peso relativo, tendo-se também registado um aumento do número de produtos com alerta vermelho.

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Fonte: CMVM

Contudo, o regulador alerta que a compreensão plena do funcionamento dos PFC por parte do investidor médio continua a ser um desafio, mesmo apesar da redução do valor de PFC colocados e do aumento da proporção de produtos com capital garantido.

Ações foram o ativo subjacente que mais cresceu em termos relativos

Embora se tenha verificado uma redução do número de PFC vivos, o montante vivo de PFC comercializados em Portugal aumentou para 4,2 mil milhões de euros no final do ano transato. No que diz respeito aos ativos subjacentes destes produtos, as ações foram o ativo que maior aumento registou em termos relativos.

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Fonte: CMVM

Em sentido contrário terminou o montante vivo de PFC na Europa, que caiu para 500 mil milhões – uma tendência que se mantém desde 2012, ano em que o montante se fixou nos 800 mil milhões de euros. Já o número de PFC continuou a aumentar, ascendendo a 5 milhões.

A evolução positiva do número de PFC vivos deve-se, de acordo com o regulador, às alterações ocorridas na oferta destes produtos, “com um número crescente de PFC a ser colocado em mercado de bolsa com montantes inferiores aos dos produtos OTC”. Para além deste aumento, observa-se a um aumento da procura por produtos de maturidades mais curtas, algo que poderá estar relacionado “com as expectativas de aumento das taxas de juro num futuro não muito distante”, refere a CMVM.