Cinco temas de investimento a considerar no resto do ano

cinco_
Chema Concellon, Flickr, Creative Commons

Quatro meses passaram desde o início de 2015, e este já se pode apelidar de um quadrimestre agitado em termos financeiros. Foi neste contexto que a Schroders atualizou recentemente o seu outlook para o resto do ano. “Na nossa perspetiva cada um destes temas são um suporte para os ativos de risco, com a inflação a continuar baixa e a liquidez a manter-se forte”, entendem os economistas da entidade, Keith Wade, Azad Zangana e Craig Botham.

1.     Baixos preços do petróleo é sinónimo de baixa inflação e forte crescimento

No final do ano passado os especialistas da entidade apelidaram este tópico de “boom desinflacionário”, altura em que acreditavam que os baixos preços do petróleo poderiam trazer um forte crescimento e baixa inflação. “Até agora a tendência tem sido mista”, verificam os economistas. Se por um lado a inflação “caiu como era esperado” (ver gráfico abaixo), por outro “reconhecemos que as evidências ao nível de um crescimento forte foram desapontantes”.

 

No caso dos EUA, o crescimento do PIB caiu para apenas 0,2% t/t no primeiro trimestre, com as despesas no consumo a abrandarem e os gastos a caírem.  No entanto da Schroders acreditam que os fundamentais da economia norte-americana continuam estáveis e, por isso, “o consumo nos EUA deve recuperar novamente durante este trimestre”.

2.     Petróleo e moeda estão a equilibrar a economia mundial

Muito embora entendam que continuamos a assistir a um ciclo monetário dessincronizado, atualmente veem “uma maior convergência no crescimento”. E o que tem provocado essa convergência? “Está relacionada com os baixos custos energéticos, que têm vindo a suportar o crescimento no mundo desenvolvido. A Europa e o Japão têm-se ressentido menos ao nível dos cortes energéticos, do que os EUA”. Outro dos factores tem a ver com a moeda, com a relação  "Dólar forte e o Euro fraco", em conjunto com o yen, a provocarem um desvio do crescimento dos EUA para a Zona Euro e Japão”.

3.     Fed prepara-se para apertar políticas economómicas, à medida que a economia normaliza

“Apesar do crescimento dos EUA ter abrandado no primeiro trimestre do ano, ainda esperamos que a Fed suba as taxas de juro durante 2015, com o primeiro movimento a acontecer em setembro”, perspetiva a tríade de profissionais. Os desenvolvimentos ao nível do mercado de trabalho são para a Schroders um suporte para que se saia “desta política monetária de emergência”. (ver quadro abaixo).

Escrevem que a combinação de “um mercado de trabalho mais normal com um sistema bancário que começa novamente a funcionar, nomeadamente em termos de fornecimento de crédito à economia real, dá poucas razões à Fed para que se mantenham as taxas nos níveis atuais”.

4.     Mercados Emergentes: pontos de força

 “O padrão de recuperação nos mercados desenvolvidos não se estendeu por completo aos mercados emergentes”, indicam. A queda dos preços das commodities, e os piores resultados na China – onde o crescimento não foi além dos 7% no primeiro trimestre – confirmam essa fraqueza.

Ainda assim da Schroders creem que continuam a existir pontos de força nos emergentes, com “os importadores de energia a estarem bem posicionados para beneficiar da queda dos preços do petróleo”. Neste âmbito destacam os países asiáticos com uma maior orientação para a manufactura, que “podem beneficiar do crescimento na Europa e nos EUA”.

5.     Liquidez: a procura por yield continua

A busca por yield ganhou novos contornos depois do QE iniciado pelo BCE, mas também com a manutenção da impressão de dinheiro pelo Banco do Japão. Os três profissionais lembram que “atualmente as taxas de juro na Zona Euro alcançaram níveis baixos extraordinários, com curva das yields da dívida alemã com valores próximos de zero, a cinco anos de maturidade”. Este cenário, dizem, “intensifica a procura por yield e ajuda a uma descida das yields periféricas na região”. “O spread entre as Treasury e as Bunds continua a ser atrativo e isso é um elemento chave na condução de um euro mais fraco”, pontualizam.