Chart of the Week: Poupar (capitalizar) para a reforma?

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(O Chart of the Week desta semana é da autoria de Rui Sousa, diretor geral da SGF)

O papel assumido pelos principais bancos centrais nos últimos anos com a adoção de políticas monetárias extremamente expansionistas como forma de combater os efeitos da crise económica e financeira que assolou as economias desenvolvidas, colocou aos gestores de ativos um novo paradigma.

Assim, um investidor que pretenda privilegiar a segurança (ou seja assumir um risco mínimo) tem necessariamente que aceitar uma expectativa de retornos futuros necessariamente baixos ou até, em horizontes temporais de análise mais curtos, mesmo negativos.

Deste modo, os participantes nos Fundos de Pensões e nos Planos de Poupança Reforma, deverão assumir que o atual contexto de taxas de juro extremamente baixas/negativas obriga um investidor mais conservador a ajustar as suas expectativas de retorno e sobretudo a adotar uma postura mais ativa/dinâmica na gestão das suas poupanças.

A SGF a partir de 2017 avançou para ativos que garantem uma muito superior diversificação, como os fundos de investimento e ETF, assentes nas escolhas mais eficientes e com menos custos e que a prazo, poderão contribuir para uma maior rentabilidade.

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Fonte: Schroders, dezembro de 2017

O gráfico selecionado tem muito a ver com as preocupações que um gestor de fundos de pensões deve ter quando está em causa“…viver confortavelmente quando se é mais velho é, por norma, o objetivo daqueles que poupam ao longo da vida para a reforma. No entanto, no caso dos investidores reformados portugueses, existe o sentimento generalizado de que aquilo que pouparam não foi suficiente.” É a conclusão do Estudo de Investidores Globais 2017 da Schroders, que envolveu mais de 22.000 investidores em 30 países.

De acordo com este inquérito, “…os investidores portugueses no ativo poupam em média 9,4% do seu rendimento especificamente para a reforma, no entanto, para viverem confortavelmente durante este período das suas vidas, sentem que deveriam estar a poupar, em média, 12,9%.”

Ainda de acordo com o mesmo estudo, “…seis em cada dez investidores no ativo (61%) sentem que o seu rendimento na reforma será suficiente para lhes proporcionar uma vida confortável, uma percentagem ligeiramente superior à dos investidores aposentados que pensam que a sua reforma atual lhes proporciona uma vida confortável (56%). Porém, mais de metade (59%) dos investidores portugueses reformados desejava ter poupado mais, incluindo os 17% que desejavam ter poupado bastante mais.”

Rui Sousa, SGFPara os investidores portugueses, “…a principal fonte de poupança para a reforma são as poupanças e investimentos (20%), seguido das pensões do estado (19%), planos de pensões das empresas (18%) e planos de pensões individuais (12%).

Globalmente há a convicção que é preciso poupar mais para a reforma, “...sendo que aqueles que ainda estão no ativo poupam 11,4% do seu rendimento anual quando sentem que deveriam estar a poupar 13,7%, e dois terços (66%) dos investidores aposentados gostariam de ter poupado mais. Em termos europeus, “…os investidores poupam atualmente 9,9% para a reforma, mas gostariam de poupar 12%; na Ásia estão a poupar 13% mas gostariam de poupar 15,3%; e nas Américas poupam 12,5% mas queriam poupar 15%”.

Muito interessante sem dúvida, as conclusões apresentadas pelo Estudo de Investidores Globais 2017 da Schroders, onde as diferenças por país entre a percentagem do rendimento anual que os investidores ainda no ativo estão atualmente a poupar para a reforma versus quanto é que pensam que deveriam estar a poupar.