Chart of the Week - Inversão da curva de rendimentos americana, pela primeira vez desde 2007 no prelúdio da Grande Crise Financeira

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(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de Rui Silva Martins,​ Responsável de Alocação de Ativos, da Caixagest

 

 

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Fontes: Federal Reserve Bank of St. Louis e NBER

O contexto de abrandamento económico, evidenciado por alguns indicadores de atividade e de Rui Filipe Martins_Caixagestsentimento, e de posturas mais cautelosas por parte dos bancos centrais, no qual se evidenciou a Fed, resultou na queda das taxas de juro a nível global. Neste ambiente, as yields das obrigações do tesouro dos EUA a 10 anos desceram para valores ligeiramente inferiores às dos 3 meses, culminando numa inversão da curva de rendimentos americana.

Esta inversão traduz as preocupações dos investidores quanto à evolução futura da economia, os quais normalmente exigem uma rendibilidade superior (i.e. yields mais elevadas) para investirem em maturidades mais longas. Este diferencial de taxas é um dos indicadores mais mediatizados para prever a inversão do ciclo económico americano.

De acordo com alguns estudos, uma inclinação negativa é um bom antecipador da inversão do ciclo económico, tendo precedido entre 6 e 17 meses o início de todas as recessões nos EUA desde 1970.

Uma das razões para esta relação poderá ser o impacto que a inclinação da curva de rendimentos tem na rentabilidade do setor bancário. Em média, os ativos deste setor, ou seja os empréstimos às famílias e às empresas, apresentam maturidades superiores às dos passivos (depósitos e financiamentos interbancários). Desta forma, os bancos beneficiam quando o diferencial de taxas de juro de longo prazo face às de curto é elevado. Assim, uma diminuição deste spread influencia negativamente os resultados dos bancos, o que promove a sua menor propensão para concederem crédito à economia.