Chart of the Week em dose dupla

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(O Chart of the Week desta semana é em dose dupla, e contamos com o contributo de Carlos Bastardo e de Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa)

PMI, um fiel amigo

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"O Chart of the Week que vos trago e que convém estarmos atentos nas próximas semanas / meses é a evolução do indicador PMI (Purchasing Managers Index) da indústria. Já aqui falei sobre a sua importância num artigo mensal de opinião (Outside In). Continua a ser um bom instrumento para a decisão de investimento em ativos financeiros de risco e é determinante nas expetativas de evolução do PIB.

Carlos Bastardo_smallNo final de 2017, o PMI na Zona Euro estava em 60,6 e em maio estava em 55,5. Esta evolução descendente refletiu-se no abrandamento do crescimento do PIB da zona euro que veio de 0,7% no 4º trimestre de 2017 para 0,4% no 1º trimestre de 2018. Se atendermos à evolução das bolsas europeias, vemos que o índice Euro Stoxx 50 caiu 1,35% year to date (até 5/6) e o índice Stoxx Europe 600 caiu 0,6%.

Nos EUA, o indicador PMI da indústria subiu de 55,1 no final de 2017 para 56,4 em maio de 2018. O índice de ações S&P 500 apresenta uma performance positiva year to date (até 5/6) de 2,81%.

É por isto que considero o indicador PMI um fiel amigo!"

 

Crise política e crise económica, uma relação de estreita proximidade

Spread_Italia_VS_Alemanha

"Este gráfico da Bloomberg representa a evolução dos últimos 12 meses do spread da dívida italiana (linha laranja) face à dívida alemã (linha branca). Como os juros da dívida alemã representam uma referência (benchmark), uma forma de as dívidas dos outros países da Zona Euro medirem o seu risco é compararem-se com as bunds alemãs. Ora, este gráfico mostra-nos duas coisas: primeiro, que a distância entre uma e outra (o spread) alargou bastante: à medida que a taxa (yield) da dívida italiana subia, a yield da dívida alemã descia, o que se justifica pela fuga de investidores para a dívida alemã. Em pontos base, o spread da dívida italiana começou foi dos 113 pontos aos 287, tendo depois aliviado para os 215.

Captura_de_ecra__2018-06-07__a_s_15A outra inferência que podemos fazer é que o risco não tem origem em fatores económicos, uma vez que a situação económica da Europa está melhor, com a taxa de desemprego em baixo e bons indicadores, mas sim em razões políticas. É a instabilidade política italiana que está na origem deste fenómeno e que já contagiou as dívidas de Portugal, Espanha e Grécia. Mesmo com um bom ambiente económico, basta uma crise política para, num ápice, se espoletar uma crise económica."