Brexit e volatilidade de braços dados

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@Doug88888, Flickr, Creative Commons
A aproximação do referendo no Reino Unido sobre a permanência na União Europeia começa a prender as atenções do mercado e faz subir a volatilidade em torno da cotação da Libra Esterlina. Depois de várias sondagens a darem vantagem à permanência do Reino Unido, a publicação de dois inquéritos que dão o Brexit como mais próximo agitaram o mercado, com a Libra Esterlina sujeita a pressão vendedora depois de várias semanas de valorização face ao Euro.
A liderança do Brexit numa sondagem telefónica é um pouco surpreendente dada a vantagem amealhada durante as últimas semanas por quem quer que o Reino Unido se mantenha. As próximas sondagens deverão ser seguidas ainda mais atentamente para se poder confirmar estes resultados.
 
Na Zona Euro, o desemprego manteve-se estável (10.2%), mas a inflação voltou a descer, confirmando que as medidas colocadas em prática pelo Banco Central Europeu tardam em fazer efeito. A inflação na zona do Euro foi de -0,1% em maio, enquanto a subjacente que exclui alimentação e energia subiu uma décima para os 0.8%. A evolução dos preços é a grande meta da autoridade monetária europeia, com o objectivo claro de colocar a inflação perto dos 2%.

Como tantas vezes referido, para atingir essa meta está disposto a utilizar todos os instrumentos disponíveis, com as últimas medidas a contemplarem um  amplo programa de compra de dívida pública e privada, que se estende a dívida emitida por empresas a partir de junho.

Até agora, os governos têm sido os principais beneficiários do programa de estímulos, mas a entrada em vigor do CSPP (Corporate Sector Purchase Programme) pode começar a beneficiar também o sector privado, o que pode ter algum impacto na evolução da economia Europeia.

Na próxima quinta-feira, o conselho do BCE voltará reunir-se, mas não se esperam grandes novidades, sendo expectável que o BCE utilize estes dados da infllação e do desemprego para justificar a política monetária flexível que tem sido seguida e que tantas criticas tem merecido na Alemanha. Os mais recentes dados macro Americanos não impressionam, mas o Fed aumenta o tom e indica que uma subida de taxas está prevista para os próximos meses.

A economia Americana abrandou no primeiro trimestre, mas não tanto como se pensou inicialmente, com o PIB a crescer 0,8%, contra os 0,5% anunciados pela primeira leitura, no mês passado. Trata-se do crescimento mais fraco desde o primeiro trimestre do ano passado. A variação de 0,8% entre janeiro e março mostra também um abrandamento face aos 1,4% que a economia tinha crescido nos últimos três meses de 2015. Na semana passada, a presidente da FED [Reserva Federal], Janet Yellen, sugeriu que as taxas de juro irão aumentar em breve, durante um discurso proferido na Universidade de Harvard.

Continua a ser muito pouco provável que o Fed suba taxas antes do verão.

O Banco Central chinês anunciou recentemente a desvalorização do yuan para a cotação mais baixa em mais de cinco anos, provando novamente que a desvalorização da sua divisa será uma das grandes armas para impedir que a sua economia afunde.

​Uma nota ainda para a dívida pública Chinesa, que cresce sem parar. O endividamento dos estados é alarmante e o caso Chinês ainda mais dada a dimensão da sua economia. Em 2015, atingiu um novo valor recorde de 248,6% do PIB, ou seja, tem uma dívida duas vezes e meia maior do que a própria economia, igualando assim a divida dos EUA, mas ainda longe dos quase 400% do Japão. O ritmo de crescimento da divida é assustador. O Estado chinês tem pedido dinheiro emprestado a uma velocidade muito perigosa.
– em 2008, a sua dívida atingia “apenas” 148,3% do PIB,
Países com crescimentos tão rápidos da dívida geralmente entram numa crise financeira ou começam a enfrentar sérias dificuldades em crescer.​
​O programa de estímulo promovido pelo governo, orçado em 4 mil milhões de yuans (cerca de 460 mil milhões de euros)  para evitar o contágio da crise financeira internacional é o grande responsável pela forte subida registada na divida pública.
As empresas públicas e a administração local começaram a gastar de uma maneira desmedida, à custa de dinheiro emprestado e agora os seus ganhos não são suficientes para pagar os juros da dívida, quanto mais pagar a divida e gerar lucros...
A favor do governo estará o facto de uma grande percentagem da dívida ser no mercado doméstico garantindo alguma facilidade na hora de controlar possiveis danos.
Além disso, muitas das empresas públicas endividadas, assim como os bancos credores, serão também  “demasiado grandes para cair”